Nos Correios
brasileiros A.R. é aviso-de-recebimento, o destinatário tendo de assinar.
Pegando carona em Arthur Clarke, na
trilogia Rama, podemos pensar numa
modificação: uma “carta” é enviada das regiões centrais da Galáxia a cada
tantos milênios ou centenas de anos para ver como vão as plantações remotas da
periferia, por exemplo, a da Terra. Permanentemente os robôs carteiros
investigam os planetas suburbanos para ver o ritmo do desenvolvimento local,
determinando se podem ser inseridos no ritmo pleno de crescimento: se atingido
certo estágio um pacote de transformações rapidinhas é entregue, ao portador do
índice, que ninguém sabe qual seria, sendo necessário “assinar” com a chave
desconhecida.
Então a nave-correio
chega pata “tomar ponto”, como se dizia há algumas décadas nas escolas
brasileiras, ou seja, para fazer uma medição de progresso, supondo-se que se
deva atingir um patamar mínimo para receber as dádivas que, pode-se perceber
pela configuração da nave (é certo as pessoas poderem freqüentar, os
astronautas indo de ônibus espaciais). Evidentemente os seres humanos são
reprovados e a nave vai embora, depois de algumas décadas, para voltar (ó
desespero!) depois de mais algumas centenas ou milhares de anos. Fizemos o
bastante, os orgulhosos?
Mas
os visitantes da nave podem ver alguns objetos surpreendentes, que não decifram
além das caixas pretas indevassáveis. Fica a pergunta: que ultras tecnociências
existiriam alhures? Percebem que é uma nave comum, trivial, fazendo
patrulhamento de rotina há milhares de anos, durante os quais aconteceram
substanciais avanços nas regiões centrais, que são várias repúblicas e
impérios, com milhares e mesmo milhões de planetas fervilhando de Vida-racional
cada qual.
Filme-piloto e
série. Um pouco depressivo, sim, mas permitindo poderosas elucubrações e
despertando os seres humanos para novo otimismo.
Vitória,
quinta-feira, 26 de junho de 2003.
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