quarta-feira, 29 de março de 2017


Meus Limites

 

                            Quais são os nossos limites de ser, de ter e de estar?

                            Por exemplo, o que devo considerar meus limites ao escrever? Tudo se baseia onde o camarada está postado no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), em que se sente competente para falar, de quanta audácia tem, de quanto medo do ridículo, de sua formação escolar (primeiro e segundo graus, universitário, mestrado, doutorado, pós-doutorado), das suas leituras, da qualidade da civilização (de seus avanços permissivos ou proibitivos: Escravismo, Feudalismo, Capitalismo, Socialismo, Comunismo, Anarquismo), de suas necessidades inexplicáveis de falar, de sua realimentação social (se publica, ou não), de seu empenho pelo coletivo, de suas crenças na dignidade – depende de muitas coisas.

                            Se a pessoa está empenhada através de um curso universitário em “ser responsável”, isto é, obediente do transe social das crenças conjuntas neste ou naquele mito, nesta ou naquela verdade transitória, terá muito cuidado de não ofender a comunidade de opiniões (que se vestem de respeitáveis senhoras-verdades, mas por baixo estão putas sem calcinhas). Se não está dentro da comunidade universitária, ou da comunidade tecnocientífica, ou outra qualquer, não deve obediência aos pares (desencontrados, mas fingindo uma harmonia de aparência) e assim pode aspirar a maior liberdade de manifestação, de desocultamento. Se a pessoa acredita ter como missão zerar as ofensas sofridas através de contra-ofensas proporcionais devolvidas ao coletivo, isso significará que lançará reptos, desafios, provocações, e assim por diante.

                            Enfim, o que limita a alma humana?

                            Se pudermos ver os avanços do coletivo como uma área plana - que destoa desigualmente do círculo porque na borda não há avanço regular -, em quanto o indivíduo projeta-se fora desse plano? Em quanto ROMPE OS LIMITES, as desautorizações, as contenções, o receio coletivo de que as novidades machuquem?

                            Quanto essa audácia é auspiciosa e quanto é ruim?

                            Vitória, segunda-feira, 27 de outubro de 2003.

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