Sebosos
No Espírito Santo se
diz que os cachoeirenses (de Cachoeiro do Itapemirim, região sul do estado) são
“sebosos”, no Houaiss eletrônico “1. da natureza do sebo; sebáceo. 2. coberto
ou sujo de sebo ou de outra matéria gordurosa. 3. que dá ares de importante;
imodesto, metido a sebo”. Não é um nome muito bom e o sentido transferido é dos
mais desagradáveis. Assim são vistos de fora os cachoeirenses. Quanto a eles
mesmos, os cachoeirenses (sou de lá, mas me considero linharense, de Linhares,
norte do ES) denominam o município/cidade Capital Secreta do Mundo e se
orgulham de si e de sua produção cultural, que foi e ainda é mais destacada não
só que qualquer cidade do ES como até da capital, Vitória. Cachoeiro sempre se
sentiu mais ligado ao Rio de Janeiro, estado e capital, que ao ES e a Vitória.
Muitos cachoeirenses migraram para o Rio de Janeiro e São Paulo e sabe-se lá
quantos de lá saíram – os cachoeirenses ausentes, porque continuam sendo
cachoeirenses, onde quer que estejam.
Bom, o texto é para
perguntar quantos lugares assim existem no mundo e como são conhecidos. Reno,
no estado americano de Nevada, chama a si mesma “maior cidade pequena do
mundo”, ao passo que o município de Itu, em São Paulo, cuja fama de exagero
nasceu com a viagem do naturalista Saint-Hilaire (Augustin-François-César
Prouvençal de Saint-Hilaire, dito Auguste Saint-Hilaire, francês, 1779 a 1853,
escreveu inúmeros livros sobre suas viagens, a maior parte no Brasil) fez à
província de São Paulo em 1819, é supostamente a sede de tudo que é grande.
Enfim, de onde vem a
fama dos municípios/cidades, dos estados, das nações? O mesmo pode ser
perguntado sobre as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas), mas isso
é outra geo-história, a que se dedicará outro grupo. Aqui estou interessado em
saber porque certas cidades ganharam esta ou aquela fama, este ou aquele
apelido.
Vitória,
sexta-feira, 17 de outubro de 2003.
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