Fazenda Cemitério
Os números foram
escolhidos para produzir resultados com muitos zeros, divisões exatas na base
decimal.
Se imaginarmos que
um lote de 480 m2 num bairro mais procurado pode custar fácil 120
mil reais ou uns 40 mil dólares, com esse mesmo dinheiro podemos comprar vários
alqueires no ES (48 mil m2), cada um por 20 mil reais, um sexto
daquele preço da cidade, o que é até muito, dando 100 lotes urbanos por 1/6 dos
recursos, ou seja, a relação de preços rurais/urbanos é da ordem de 1/600. Ou
seja, na cidade o preço seria de 250 reais por m2, ao passo que no
campo seria de 0,417 reais por m2, naquela relação já mencionada,
1/600.
Cemitérios são
construídos agora nas periferias, imitando os americanos e ficando mais bonitos
(para os que estão morrendo, nem que seja um pouco, os que vão ver – pois os
que são levados para enterrar já estão mortos – e precisam ser alegrados),
porque os terrenos centrais têm preços proibitivos. Não custa nada levá-los às
fazendas, onde partes de terras poderiam ser arrendadas ou vendidas às
famílias, sendo elas urbanizadas com estacionamentos, restaurantes, capelas,
áreas de serviços, o que for.
Sendo terra mais
barata o dinheiro pode ser aplicado em embelezamento e vários serviços que
podem ser prestados aos vivos, na proporção de 600/1, uma parte da
fazenda-cemitério sendo pública, paga pela comunidade (pela prefeitura, pelo
estado, pela nação ou pelo mundo, como for), e a outra privada (seja de
indivíduos, de famílias, de grupos ou de empresas), paga pelas pessoas.
Não há razão para os
cemitérios serem essas coisas tétricas e deprimentes que são no terceiro mundo,
como os americanos viram primeiro. A dor dos que ficaram deve ser aliviada,
seguramente, pois o transe da morte de um ente querido é pesado.
Vitória,
quarta-feira, 05 de novembro de 2003.
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