quinta-feira, 30 de março de 2017


Como Tratar o Amigo?

 

                            O mesmo Veiga pergunta na página 150 de seu livro: “Não gosto da moral cristã que diz ‘ama o teu inimigo’. Se eu for amar meu inimigo, como devo tratar meu amigo? ” - o que mostra bem a grandeza extraordinária de Cristo.

                            Sabendo que o outro do outro sou eu, se eu seguir a doutrina do “olho por olho, dente por dente” (que é de antes dos judeus, vem de antes de Hamurabi, que a codificou em seus códigos) baterei no outro, que baterá em mim, que baterei nele... E assim por diante indefinidamente. Jesus propôs justamente o fim do ciclo de sujeição mútua das ofensas trocadas. Em vez de uma espiral que abre infinitamente uma outra espiral que fecha para o zero.

                            Cristo não disse que esquecêssemos a existência do inimigo, pois se ele se declara assim seria burrice não prestar atenção; a memória nos separa do caos e do desastre. Ele disse para amarmos nossos inimigos, o que desarma o inimigo DENTRO DE NÓS, desarma seus efeitos dentro da gente. Se não sou inimigo de ninguém a inimizade não ocupa espaço de memória e tempo de inteligência; não dou espaçotempo de memorinteligência ao ódio, o que é uma economia extraordinária da alma. Quem dera pudéssemos seguir esse preceito!

                            E quanto aos amigos, como os trataremos? Como amigos, claro. Se aprendêssemos a amar nossos inimigos MAIS AINDA aprenderíamos a amar nossos amigos, os que estão próximos, os que julgamos próximos. Nós trataríamos os amigos como mais preciosos ainda, nós veríamos como os amigos como magníficos, maravilhosos, gente do maior apreço e significado, e aproveitaríamos mais e melhor sua gratuita presença. Não seria um aprendizado e tanto?

                            Vitória, domingo, 02 de novembro de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário