O mesmo Veiga
pergunta na página 150 de seu livro: “Não gosto da moral cristã que diz ‘ama o
teu inimigo’. Se eu for amar meu inimigo, como devo tratar meu amigo? ” - o que
mostra bem a grandeza extraordinária de Cristo.
Sabendo que o outro
do outro sou eu, se eu seguir a doutrina do “olho por olho, dente por dente”
(que é de antes dos judeus, vem de antes de Hamurabi, que a codificou em seus
códigos) baterei no outro, que baterá em mim, que baterei nele... E assim por
diante indefinidamente. Jesus propôs justamente o fim do ciclo de sujeição
mútua das ofensas trocadas. Em vez de uma espiral que abre infinitamente uma
outra espiral que fecha para o zero.
Cristo não disse que
esquecêssemos a existência do inimigo, pois se ele se declara assim seria
burrice não prestar atenção; a memória nos separa do caos e do desastre. Ele
disse para amarmos nossos inimigos, o que desarma o inimigo DENTRO DE NÓS,
desarma seus efeitos dentro da gente. Se não sou inimigo de ninguém a inimizade
não ocupa espaço de memória e tempo de inteligência; não dou espaçotempo de
memorinteligência ao ódio, o que é uma economia extraordinária da alma. Quem
dera pudéssemos seguir esse preceito!
E quanto aos amigos,
como os trataremos? Como amigos, claro. Se aprendêssemos a amar nossos inimigos
MAIS AINDA aprenderíamos a amar nossos amigos, os que estão próximos, os que
julgamos próximos. Nós trataríamos os amigos como mais preciosos ainda, nós
veríamos como os amigos como magníficos, maravilhosos, gente do maior apreço e
significado, e aproveitaríamos mais e melhor sua gratuita presença. Não seria
um aprendizado e tanto?
Vitória, domingo, 02
de novembro de 2003.
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