quinta-feira, 30 de março de 2017


A Mulher do 68º Andar

 

                            Gente que não raciocina direito é um problema sério.

                            Estava vendo um programa do Discovery em que o apresentador dava como exemplo de desconhecidos se ajudaram o fato de que certa mulher do 68º andar de uma das duas Torres Gêmeas do agora desabado (desde 11 de setembro de 2001, como sabemos) World Trade Center (WTC, Centro Mundial de Comércio) em Nova Iorque ter sido levada pelas escadas de 68 andares por dois camaradas que iam passando e a viram ameaçada, por estar em cadeira de rodas. Ela disse que eles não a conheciam, mas mesmo assim procuraram ajudar.

                            Bem, o modelo permite analisar melhor essa situação. Vemos as PESSOAS como indivíduos, famílias, grupos e empresas e os AMBIENTES como municípios/cidades, estados, nações e mundo. Ainda que não a conhecessem como indivíduo, família e grupo, sua empresa se situava no mesmo prédio, ela estava na mesma cidade (Nova Iorque) e município que eles, mesmo estado (Nova Iorque), mesma nação (EUA) e mesmo mundo (Terra). Então, não é verdade que ela não era conhecida. É preciso dizer DE QUE MODO e ATÉ QUANTO era desconhecida, pois o modelo não é apenas qualitativo, ele é quantitativo também.

                            Os dois partilhavam com ela a mesma humanidade, a mesma nacionalidade, a convivência estadual, a estadia municipal/urbana e suas empresas estavam próximas. É claro que não havia outras ligações, no nível de convivência de grupo do mesmo bairro, de família dentro da mesma casa, de marido e esposa que vivem no mesmo quarto ou de amigos que se freqüentam, mas mesmo assim não era total o desconhecimento.

                            Assim, deveremos falar, neste caso, de 5/8 de conhecimento e 3/8 de desconhecimento, ao passo em que haverá gente (por exemplo, pais e filhos morando na mesma residência) com 8/8 de conhecimento, que é mais excelente ainda.

                            Vitória, quinta-feira, 30 de outubro de 2003.

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