Como é Fácil
Governar!
José Sarney (maranhense,
1930 -) foi triste presidente do Brasil (sucedendo Tancredo Neves, por ter sido
eleito como seu vice – tivemos tantos vices na presidência que passei a chamar
o Brasil de Vice-República) de abril de 1985 a 15 de março de 1990. Em
fevereiro de 1986 ele e seu ministro da Fazenda Dílson Funaro, já falecido,
lançaram o Plano de Estabilização Econômica, chamado Plano Cruzado, de
congelamento dos salários e dos preços, o que já havia sido tentado na
geo-história por Diocleciano (Caio Aurélio Valério, 245 a 305, imperador romano
de 285 para frente) e por Nixon (Richard Milhous, 1913 a 1994, presidente
americano de 1968 a 1974), sempre dando errado. Contra a experiência Sarney
tentou a mesma coisa: pegou a inflação em na casa dos 30 % e largou-a na casa
dos 80 %.
Por acidente, quando os
salários foram congelados os nossos no Fisco estadual do Espírito Santo
equivaliam a dois mil e quinhentos dólares de então (seria preciso saber a
equivalência). De 1987 a 1991 foi governador do ES Max de Freitas Mauro. Ele
fez passar uma lei inconstitucional (mas só reconhecida como tal agora, quando
interessa ao novo governo negar nossas vitórias e os precatórios) e safada que
reduzia nossos vencimentos 40 % da inflação de cada três meses, a chamada “lei
da trimestralidade”. Ele dizia que “garantia repor 60 % da inflação do
período”, um eufemismo canalha e brutal que a sociedade local tolerou, à custa
de, então, 60 mil famílias empregadas pelos três poderes daqui.
Naturalmente ficou tudo
fácil, ficou fácil governar, e ele pôde arrotar para todo o Brasil que era um
dos três estados que mantinham as contas todas em dia. O que ganhávamos
declinou de dois mil e quinhentos a 450 dólares em apenas três anos, menos de
1/5 do que era antes - calcule a média mensal sob a curva assintótica.
Do mesmo modo procedeu
ao governador anterior, agora senador Gérson Camata, que num semestre de 100 %
de inflação retornou 50 %, e no seguinte fez igual, reduzindo nossos salários a
25 % do que eram em um ano e assim pode fazer festas governamentais.
Quantos governantes
procederam assim, através do mundo? Governar realmente, respeitando a todos e
trabalhando intensamente é difícil, mas dando golpes é fácil, é de uma tranqüilidade
cuja dor, o outro lado da soma zero, só os outros sentem. É preciso fazer esses
levantamentos, mostrando como os governantes governam – o que nos protegerá
preventivamente deles.
Vitória, sexta-feira, 24
de outubro de 2003.
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