quarta-feira, 29 de março de 2017


Qualidade da Percepção

 

                            Podemos dizer que:

·       O ponto mostra a direção (que é reta, abrindo-se para os dois lados – parece que são infinitas escolhas mas não são, porque só é feita uma de cada vez; serão infinitas escolhas em infinitas oportunidades);

·       A reta aponta o sentido (um, de dois caminhos);

·       O plano define o espaço (duas retas em ângulo);

·       O espaço localiza os entes (dois planos em ângulo – parece só existir um espaço, mas isso é só para os não-matemáticos, porque CADA ESPAÇO É DEFINIDO ou delimitado, isto é, estabelecido pelas regras que o definem).

Como está dito neste Livro 47, artigo Coletivo de Percepção, há percepções quantitativas ou grosseiras, qualitativas ou apuradas, e mistas Q/Q. E há DOIS MODOS (na realidade quatro, o terceiro sendo a fusão e o quarto o abandono da percepção; pode parecer absurdo, mas Kaspar Hauser propôs isso) de perceber: 1) contrátil ou redutível, que contrai ou reduz, dedutivo, do maior para o menor; 2) dilatável ou expansível, que dilata ou amplia, indutivo, do menor para o maior; 3) o movimento duplo, dedutivindutivo, que está na base dos outros dois (que parecem isoláveis, mas no fundo não são, porque fazemos as duas coisas).

Como é que se parte do maior para o menor?

Se já sabemos o maior não saberíamos necessariamente o menor? Não, de jeito algum. Einstein estabeleceu os grandes princípios e os que vieram depois dele foram buscar as minúcias co-ligadas aos postulados maiores. O mesmo fez Newton e durante 300 anos os físico-matemáticos tem vivido de suas enormes percepções.

Do outro lado está a junção de vários pequenos fatos que autorizam pensar estarem alinhados. A mente dá o salto e costura (às vezes erradamente – parece verdadeiro e estar ao alcance das mãos, mas é falso, imprópria a reunião, formando um Frankenstein teórico forçado, como se verá na tentativa de prova ou dedução perante o real) as partes num todo supostamente viável; para ver se é mesmo ele deve ser confrontado com o real, buscando-se enxergar se provoca respostas coerentes.

Obviamente o movimento dedutivo é o quantitativo, que se entrega aos pequenos pesquisadores, e o movimento indutivo é o qualitativo, que se destina aos grandes. O qualitativo é o que faz adiantar a sociedade, civilizando-a; o quantitativo é o que firma a civilização, socializando as grandes conquistas (imagine se não houvesse o quantitativo e o conhecimento que Newton produziu tivesse ficado somente em poder dele).

Então, alguém deve produzir o conhecimento vasto que será progressivamente preenchido pelas gerações posteriores; as bordas são delimitadas pelos grandes e o interior delas é preenchido pelas peças. O grande pensador dá o grande salto e depois dele vem os pequenos completando os detalhes. O grande trabalho é fundamental, porque sem ele não avançaríamos, congelaríamos nas trivialidades e nas repetições, mas o pequeno trabalho é importante, pois sem ele a sociedade não se re-produziria nos novos marcos, ela não daria os saltos, não faria as revoluções para os novos patamares do fazer.

Assim, os grandes matemáticos produziram os conceitos de ponto, reta, plano e espaço, e acima meramente coloquei pequenos adendos, complementares dos conceitos, que estabelecem pequenas visões novas oriundas dos grandes. Você pode pensar que os conceitos acima são triviais, mas tanto não são quanto foi necessário a chegada de Descartes (René, francês, 1596 a 1650) para defini-los completamente.

Podemos dizer que a quantidade é importante, mas a qualidade da percepção é fundamental, ela é o fundamento ou embasamento de tudo.

Vitória, quarta-feira, 22 de outubro de 2003.

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