Qualidade da
Percepção
Podemos dizer que:
·
O ponto mostra a direção (que é reta, abrindo-se para os dois
lados – parece que são infinitas escolhas mas não são, porque só é feita uma de
cada vez; serão infinitas escolhas em infinitas oportunidades);
·
A reta aponta o sentido (um, de dois caminhos);
·
O plano define o espaço (duas retas em ângulo);
·
O espaço localiza os entes (dois planos em ângulo – parece só
existir um espaço, mas isso é só para os não-matemáticos, porque CADA ESPAÇO É
DEFINIDO ou delimitado, isto é, estabelecido pelas regras que o definem).
Como está dito neste Livro 47, artigo Coletivo de Percepção, há percepções
quantitativas ou grosseiras, qualitativas ou apuradas, e mistas Q/Q. E há DOIS
MODOS (na realidade quatro, o terceiro sendo a fusão e o quarto o abandono da
percepção; pode parecer absurdo, mas Kaspar Hauser propôs isso) de perceber: 1)
contrátil ou redutível, que contrai ou reduz, dedutivo, do maior para o menor;
2) dilatável ou expansível, que dilata ou amplia, indutivo, do menor para o
maior; 3) o movimento duplo, dedutivindutivo, que está na base dos outros dois
(que parecem isoláveis, mas no fundo não são, porque fazemos as duas coisas).
Como é que se parte do maior para o
menor?
Se já sabemos o maior não saberíamos
necessariamente o menor? Não, de jeito algum. Einstein estabeleceu os grandes
princípios e os que vieram depois dele foram buscar as minúcias co-ligadas aos postulados
maiores. O mesmo fez Newton e durante 300 anos os físico-matemáticos tem vivido
de suas enormes percepções.
Do outro lado está a junção de vários
pequenos fatos que autorizam pensar estarem alinhados. A mente dá o salto e
costura (às vezes erradamente – parece verdadeiro e estar ao alcance das mãos,
mas é falso, imprópria a reunião, formando um Frankenstein teórico forçado,
como se verá na tentativa de prova ou dedução perante o real) as partes num
todo supostamente viável; para ver se é mesmo ele deve ser confrontado com o
real, buscando-se enxergar se provoca respostas coerentes.
Obviamente o movimento dedutivo é o
quantitativo, que se entrega aos pequenos pesquisadores, e o movimento indutivo
é o qualitativo, que se destina aos grandes. O qualitativo é o que faz adiantar
a sociedade, civilizando-a; o quantitativo é o que firma a civilização,
socializando as grandes conquistas (imagine se não houvesse o quantitativo e o
conhecimento que Newton produziu tivesse ficado somente em poder dele).
Então, alguém deve produzir o
conhecimento vasto que será progressivamente preenchido pelas gerações
posteriores; as bordas são delimitadas pelos grandes e o interior delas é
preenchido pelas peças. O grande pensador dá o grande salto e depois dele vem
os pequenos completando os detalhes. O grande trabalho é fundamental, porque
sem ele não avançaríamos, congelaríamos nas trivialidades e nas repetições, mas
o pequeno trabalho é importante, pois sem ele a sociedade não se re-produziria
nos novos marcos, ela não daria os saltos, não faria as revoluções para os
novos patamares do fazer.
Assim, os grandes matemáticos
produziram os conceitos de ponto, reta, plano e espaço, e acima meramente
coloquei pequenos adendos, complementares dos conceitos, que estabelecem pequenas
visões novas oriundas dos grandes. Você pode pensar que os conceitos acima são
triviais, mas tanto não são quanto foi necessário a chegada de Descartes (René,
francês, 1596 a 1650) para defini-los completamente.
Podemos dizer que a quantidade é
importante, mas a qualidade da percepção é fundamental, ela é o fundamento ou
embasamento de tudo.
Vitória, quarta-feira, 22 de outubro
de 2003.
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