segunda-feira, 27 de março de 2017


Sabedoria do Diálogo

 

                            Gabriel tem só 17 anos, mas grande firmeza de caráter.

                            O Alegria, que é nosso amigo e vende água de coco, tomou dele o maço de cigarros, visando impedi-lo de fumar, o que ele só recentemente começou, um mês. A dialética (e a lógica-dialética, dialógica, diálogo de mundo), o TAO e o modelo dizem que não se pode proceder assim, pois se obtêm o contrário do que se pretendia, e assim será com tudo, desde a imposição da Lei Seca (emenda constitucional que proibia a fabricação, transporte e venda de bebidas, tendo durado de 1920 a 1930) nos EUA, o que só estimulou a bebedeira geral, até qualquer ato ou gesto humano.

                            A maciça propaganda atual contra os cigarros, dizem os três modos de pensar, só fará com que no futuro o povo se revolte e mais gente que antes consuma cigarros. É como os germicidas aplicáveis ao corpo e os pesticidas aplicados na lavoura, levando a desenvolvimento de espécies mais resistentes de insetos, ou a aplicação excessiva de antibióticos, que leva ao desenvolvimento darwiniano de cepas mais resistentes de bactérias. Do mesmo modo a atual proibição e perseguição das drogas. Tudo que é forçado implanta o contrário. A separação de negros e brancos nos EUA levará fatalmente à fusão deles, e assim por diante.

                            Além do quê, proibir vai contra a liberdade alheia. Proibir, que é para os outros, é o contrário daquilo que Cristo dizia: não fazei aos outros o que não quereis que vos façam. Proibir é julgamento. Idealmente fazer leis é a anti-tecnarte de governar. A anarquia virá quando todos confiarmos uns nos outros e todos soubermos espontaneamente nossas obrigações. Então não será necessária nenhuma lei. Estamos sempre impondo nossas verdades AOS OUTROS, que fazem a mesma coisa conosco, porque, como já disse tantas vezes, os outros dos outros somos nós.

                            As crianças mentirosas aparecem nas famílias ditatoriais, onde elas, não podendo se pronunciar e serem elas mesmas acabam por acreditar necessário proteger-se sob capa de mentiras. Onde as crianças e adolescentes não são obrigados a ocultar veremos que as mentiras ficarão fora de casa.

                            Infelizmente, tantos acham que seus modos de pensar são melhores que os dos outros.

                            Vitória, sábado, 18 de outubro de 2003.

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