Coletivo de Percepção
JD é nosso amigo e foi
presidente da AFES (Associação do Fisco Espírito-santense), antes da entidade
se transformar em Sindifiscal (Sindicato do Grupo TAF no ES), e é preocupado
com as questões sociais. Pensa e propõe soluções, só que às vezes elas não
coadunam com as respostas que o ambiente espera.
Por exemplo, agora que o
Lula lançou como presidente da República o programa da Fome Zero JD imaginou
uma ONG (Organização não-Governamental), que ficaria encarregada de nos 27
estados (incluído o DF, Distrito Federal) recolher o tributo social – cujo
montante seria não de cinco bilhões de qualquer coisa ao ano, como o FZ, mas de
cinco bilhões AO MÊS, 60 bilhões por ano.
Ora, olhando do lado dos
governantes do Executivo e dos políticos do Legislativo, em geral gananciosos e
corruptos, por quê eles atribuiriam A OUTROS a chance de pegar tributos cujo
vigilância e prestação de contas se daria a posteriori, posteriormente, a
coberto de uma estrutura não-governamental e, portanto, relativamente fora do
alcance? A menos que desde o início já fosse uma combinação para extrair e
desviar riqueza; mas, se fosse isso, diante de uma coletividade (justamente)
encucada como a brasileira, como justificariam eles tal intenção e procedimento
(que deve ser institucionalizado)?
Não parece exeqüível,
mas como dizer a JD?
Ele acharia que é má
vontade.
Assim, há muita gente
cheia de boa vontade pelo mundo afora, mas cujas percepções não combinam com as
soluções viáveis buscadas, porque elas devem se enquadrar NO SOCIAL (quantidade
do fazer, abrutalhado), NO CIVILIZATÓRIO (qualidade do fazer, refinado) e NO
CULTURAL, isto é, no acordo povelite/nação, quantitativo/qualitativo, ou seja,
na destinação (desejavelmente paritária) das verbas.
Vai daí ser necessário
que as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES
(municípios/cidades, estados, nações e mundo) se combinem para fazer melhor a
produção Q/Q das percepções, das soluções dos problemas, porque de outra forma
nos candidatamos a falsas soluções, como a que foi noticiada por A Gazeta, do ES, em 22.outubro.2003, p.
3, “projeto de distribuição de Viagra provoca debate irônico na Assembléia”. Na
falta do que fazer os socialistas da ALES (Assembléia Legislativa do ES) querem
gastar o que é dos outros, sem qualquer índice ou apontamento de melhoramento
social. Daí eu insistir na necessidade de instituir um corpo de conhecimentos
na ALES, justamente para evitar ao máximo o ridículo. Dizem que duas cabeças
pensam melhor que uma, mas isso não é verdade, sempre, só naqueles casos em que
acontece mesmo. No caso da ALES, nitidamente não. Nem é o caso do terceiro,
quarto e quinto mundos, porque havendo tantos ali, esses tantos, juntos, não
produzem soluções melhores e liberadoras de suas nações.
Assim, o coletivo não é
necessariamente melhor que o individual. Será, se houver um programa coerente
de busca, que deve ser buscado tanto coletiva quanto individualmente e uma vez
definido deve ser seguido. Isso se chama PROGRAMA DE PESQUISA, que logo se
torna burocrático e nada alcança.
Tanto o indivíduo, caso
de JD, quanto o coletivo, caso da ALES, podem propor soluções inviáveis. A
viabilidade deve ser pensada ANTES, porquanto solução que não pode ser posta em
prática não é solução, é problema, porque é gasto de tempo próprio ou coletivo,
de recursos, de divulgação, etc.
Daí ser necessário
COMPROMISSO de percepção, tanto da parte do coletivo de busca quanto do
pesquisador isolado. Pensar por pensar nada significa, além de perda.
Vitória, quarta-feira,
22 de outubro de 2003.
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