terça-feira, 28 de março de 2017


Coletivo de Percepção

 

                        JD é nosso amigo e foi presidente da AFES (Associação do Fisco Espírito-santense), antes da entidade se transformar em Sindifiscal (Sindicato do Grupo TAF no ES), e é preocupado com as questões sociais. Pensa e propõe soluções, só que às vezes elas não coadunam com as respostas que o ambiente espera.

                        Por exemplo, agora que o Lula lançou como presidente da República o programa da Fome Zero JD imaginou uma ONG (Organização não-Governamental), que ficaria encarregada de nos 27 estados (incluído o DF, Distrito Federal) recolher o tributo social – cujo montante seria não de cinco bilhões de qualquer coisa ao ano, como o FZ, mas de cinco bilhões AO MÊS, 60 bilhões por ano.

                        Ora, olhando do lado dos governantes do Executivo e dos políticos do Legislativo, em geral gananciosos e corruptos, por quê eles atribuiriam A OUTROS a chance de pegar tributos cujo vigilância e prestação de contas se daria a posteriori, posteriormente, a coberto de uma estrutura não-governamental e, portanto, relativamente fora do alcance? A menos que desde o início já fosse uma combinação para extrair e desviar riqueza; mas, se fosse isso, diante de uma coletividade (justamente) encucada como a brasileira, como justificariam eles tal intenção e procedimento (que deve ser institucionalizado)?

                        Não parece exeqüível, mas como dizer a JD?

                        Ele acharia que é má vontade.

                        Assim, há muita gente cheia de boa vontade pelo mundo afora, mas cujas percepções não combinam com as soluções viáveis buscadas, porque elas devem se enquadrar NO SOCIAL (quantidade do fazer, abrutalhado), NO CIVILIZATÓRIO (qualidade do fazer, refinado) e NO CULTURAL, isto é, no acordo povelite/nação, quantitativo/qualitativo, ou seja, na destinação (desejavelmente paritária) das verbas.

                        Vai daí ser necessário que as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo) se combinem para fazer melhor a produção Q/Q das percepções, das soluções dos problemas, porque de outra forma nos candidatamos a falsas soluções, como a que foi noticiada por A Gazeta, do ES, em 22.outubro.2003, p. 3, “projeto de distribuição de Viagra provoca debate irônico na Assembléia”. Na falta do que fazer os socialistas da ALES (Assembléia Legislativa do ES) querem gastar o que é dos outros, sem qualquer índice ou apontamento de melhoramento social. Daí eu insistir na necessidade de instituir um corpo de conhecimentos na ALES, justamente para evitar ao máximo o ridículo. Dizem que duas cabeças pensam melhor que uma, mas isso não é verdade, sempre, só naqueles casos em que acontece mesmo. No caso da ALES, nitidamente não. Nem é o caso do terceiro, quarto e quinto mundos, porque havendo tantos ali, esses tantos, juntos, não produzem soluções melhores e liberadoras de suas nações.

                        Assim, o coletivo não é necessariamente melhor que o individual. Será, se houver um programa coerente de busca, que deve ser buscado tanto coletiva quanto individualmente e uma vez definido deve ser seguido. Isso se chama PROGRAMA DE PESQUISA, que logo se torna burocrático e nada alcança.

                        Tanto o indivíduo, caso de JD, quanto o coletivo, caso da ALES, podem propor soluções inviáveis. A viabilidade deve ser pensada ANTES, porquanto solução que não pode ser posta em prática não é solução, é problema, porque é gasto de tempo próprio ou coletivo, de recursos, de divulgação, etc.

                        Daí ser necessário COMPROMISSO de percepção, tanto da parte do coletivo de busca quanto do pesquisador isolado. Pensar por pensar nada significa, além de perda.

                        Vitória, quarta-feira, 22 de outubro de 2003.

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