Ricos de Vida
Como na riqueza do TER,
temos a riqueza do SER: ricos, médios-altos, pobres e miseráveis (teríamos uma
classe intermediária, realmente média: A, B, 0, C e D).
Diretor judeu, Boaz
Yakin fez um filme blasfemo em 1998, com Renee Zellweger (para minha surpresa),
Um Preço Acima dos Rubis, que passou
no canal pago Cinemax. Nele há um rabino que morre e ao falar disso certo
personagem diz que o coração dele não parou apenas para si, mas para toda a
comunidade, por quem batia e a quem sustentava desde o holocausto. O filme em
si é idiota, mas essa passagem é interessantíssima, um dos anúncios mais
espantosos.
Pois o coração dos grandes bate
pelos outros, faz viver centenas e até milhares ou milhões de corpos.
Não é uma declaração bela? Porisso é que vejo e leio e escuto quase tudo: dos
lugares mais surpreendentes podem vir as jóias mais preciosas. No meio da ganga
está o tecido mais brilhante, mais lindo e extasiante. Dos sete níveis (povo,
lideranças, profissionais, pesquisadores, estadistas, santos/sábios e
iluminados) os corações que batem mais fechados, mais para si, são os do povo,
que estão fechados num corpo só, no máximo ligando-se por interesse a um
parceiro ou parceira, e aos filhos, formando família, no alcance mais extremo.
Os mais largos são os dos iluminados, que brilham por milhões, centenas de
milhões, que amam toda a humanidade.
Há ricos em vida e
há vidas miseráveis, encolhidas, torcidas, empacotadas, comprimidas na ânsia de
si. E há aquelas vidas grandes, largas, profundas, altas, substanciais, imensas
em sua doação.
Não é obrigatório
nem é proibida a existência conjuminada, conjunta de ricos em SER e em TER,
abonados com vidas ricas em emoções e pensamentos, como Bertrand Russell, que
viveu 98 anos plenos, e outros, mas é raro, porque o mais das vezes o interesse
por uma coisa leva ao desinteresse pelas outras, que parecem (mas não são)
opostas.
Vitória,
quarta-feira, 15 de outubro de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário