quarta-feira, 29 de março de 2017


Estranhas Separações

 

                            Os árabes e os judeus estão visceralmente separados no Oriente Médio - em guerra permanente faz séculos, com mais intensidade a partir de 1948, data da fundação do novo Estado de Israel, desde quando foram travadas numerosas batalhas que constantemente ocupam os noticiários, para grande aborrecimento de quase todos –, mas no Brasil convivem normalmente e não duvido nada que estejam casando filhos e filhas.

                            Os americanos negros que disputam com os americanos brancos em virtude do racismo nem se lembram que entre si se misturam, quando na África as tribos de que se originaram continuam separadas e travando guerras genicidas e etnicidas com freqüência totalmente desagradável.

                            Os alemães do Leste, da ex-Alemanha Oriental ou Democrática, e os do Oeste, da ex-Alemanha Ocidental ou Federal, separados por definições de fronteira, brigaram, quando são os mesmos alemães agora re-unidos. E assim seguem disputando os coreanos do Norte e os coreanos do Sul, por imposição de um paralelo delimitador.

                            E desse modo disputando outros em toda parte em virtude da definição de crença, de cor da pele, de área de ocupação, de status socioeconômico, de capacidade de solução de problemas, de formação educacional, de sexo, de tudo que distingue minimamente, enquanto em outras partes podemos ver nitidamente que tais divisões são artificiais, dado que cessam (ou, de outro modo, de dentro, sem as pessoas saberem, viria uma compulsão para a luta, e não vem).

                            Não são estranhas essas separações? O modelo diz que de pronto, desde sempre, a soma dos pares polares opostos/complementares será 50/50 em toda parte, o que quer dizer que a par paz/guerra também terá soma zero e alguém sempre estará guerreando, independente de haver motivo ou não – eles serão inventados.

                            Contudo, continua esquisito operar tanto ódio sem motivo.

                            Vitória, terça-feira, 28 de outubro de 2003.

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