Sebos
Sempre tive uma
raiva imensa de sebos, as livrarias que vendem livros usados, a partir da
própria palavra, que remete a gordura e à sujeira que nela gruda, daí a
podridão e doenças. Porém, na falta de dinheiro que sobre para os livros novos
vi-me na condição de aproximação e daí pensei em coisas que as favorecem. De
fato, o modelo fala em soma zero e desde o convencimento disso passei a
procurar ver em cada coisa o lado contrário, o que nos beneficia.
OS
BENEFÍCIOS DOS SEBOS
(você pode pensar outros, claro)
·
Livros
que de outro modo ficariam nas estantes dos outros e cujas edições esgotaram
podem ser encontrados;
·
Edições
antigas e preciosas podem ser desovadas;
·
Assuntos
que normalmente não escolheríamos e que não trafegam pelas livrarias de livros
novos podem ser abordados (isto é, escolhas de outros leitores; pois tendemos a
seguir nossa trilha preferencial, que nem sempre é melhor, que pode nem ser
boa);
·
O
preço é de metade, um terço, um quarto, até um quinto do de capa de livro novo.
Não que eu esteja sendo
particularmente esperto ao notar isso, é apenas que eu não tinha visto – o que
nos mostra como a nossa perspicácia, na realidade, é bem ridícula.
Então, quero crer, é o caso de os
governempresas (pois há os mundiais, os nacionais, os estaduais, os
municipais/urbanos – são milhares; e governantes do Executivo, políticos do
Legislativo, juizes do Judiciário; e os empresários, que são milhões) se unirem
para promoverem o aparecimento de praças de livrarias-sebo. Talvez um cilindro,
com os depósitos em cima e as portas em baixo, em círculo.
Já não se trata daquele tempo em que
existiam poucos livros, agora são bilhões. E na ex-URSS, agora nos países da
CEI, Comunidade dos Estados Independentes, e nos que pularam fora, não
desejando permanecer no grupo, há muitos milhões de exemplares em português, em
espanhol e mais ainda em inglês e russo, que podem ser adquiridos a preços
módicos (são novos, mas podem ser vendidos nessas livrarias).
Vitória, sábado, 25 de outubro de
2003.
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