Velha Itália
Na TV Gazeta de hoje o repórter falou de
uma cidade qualquer do Sul do Brasil onde há resquícios da “Velha Itália”,
aquela reverência toda. Perguntou a um velho se ele sabia o que era “estresse”
e ele naturalmente disse que não, o que pode afirmar a vida bucólica do
interior, a tranqüilidade da vida. Na realidade aquele senhor simplesmente pode
desconhecer a palavra, que vem do inglês STRESS, significando “1. Força ou
influência desagradável; 2. Pressão, tensão”. Claro, todos nós sofremos pressões
das quais resultam tensões. SE o repórter tivesse perguntado por conceitos tais
que estivessem ao alcance daquela pessoa teria tido resposta adequada. Como foi
colocada maliciosamente a pergunta, a resposta confundiu-se com o
desconhecimento.
Isso é que dá
atribuir tarefas aos idiotas, porque a condescendência e autoengrandecimento
deles acaba por diminuir a gente toda, produzindo razões e sentimentos falsos,
que levam mais adiante a transigências e lisonjas como meio de vida do
coletivo. Atitudes de rebaixamento moral se seguirão em algum ponto mais à
frente.
Como disse Gabriel,
nem na Itália existe mais a Velha Itália, que tem de fundação por Rômulo e Remo
2,75 mil anos, por comparação com os 0,5 mil do Brasil; a cidade mais velha do
Brasil tem apenas 500 anos e a chegada da “velha” Itália se deu há menos de 150
anos, uns 120 no máximo. Como ficam as regiões do Nordeste, do Norte e do
Centro-Oeste onde não existem “velhas Itálias” ou “velhas Alemanhas” ou “velhas
Polônias” e coisas que tais? Onde, no máximo, existem cidades que se assemelham
ao “Velho Portugal”, tão desprezado até 1975?
A idiotia é um
cancro em nossas existências, e que as TV’s estejam financiando-a com essas
reportagens dementes é preocupante.
Vitória,
quinta-feira, 30 de outubro de 2003.
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