sexta-feira, 31 de março de 2017


Velha Itália

 

                            Na TV Gazeta de hoje o repórter falou de uma cidade qualquer do Sul do Brasil onde há resquícios da “Velha Itália”, aquela reverência toda. Perguntou a um velho se ele sabia o que era “estresse” e ele naturalmente disse que não, o que pode afirmar a vida bucólica do interior, a tranqüilidade da vida. Na realidade aquele senhor simplesmente pode desconhecer a palavra, que vem do inglês STRESS, significando “1. Força ou influência desagradável; 2. Pressão, tensão”. Claro, todos nós sofremos pressões das quais resultam tensões. SE o repórter tivesse perguntado por conceitos tais que estivessem ao alcance daquela pessoa teria tido resposta adequada. Como foi colocada maliciosamente a pergunta, a resposta confundiu-se com o desconhecimento.

                            Isso é que dá atribuir tarefas aos idiotas, porque a condescendência e autoengrandecimento deles acaba por diminuir a gente toda, produzindo razões e sentimentos falsos, que levam mais adiante a transigências e lisonjas como meio de vida do coletivo. Atitudes de rebaixamento moral se seguirão em algum ponto mais à frente.

                            Como disse Gabriel, nem na Itália existe mais a Velha Itália, que tem de fundação por Rômulo e Remo 2,75 mil anos, por comparação com os 0,5 mil do Brasil; a cidade mais velha do Brasil tem apenas 500 anos e a chegada da “velha” Itália se deu há menos de 150 anos, uns 120 no máximo. Como ficam as regiões do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste onde não existem “velhas Itálias” ou “velhas Alemanhas” ou “velhas Polônias” e coisas que tais? Onde, no máximo, existem cidades que se assemelham ao “Velho Portugal”, tão desprezado até 1975?

                            A idiotia é um cancro em nossas existências, e que as TV’s estejam financiando-a com essas reportagens dementes é preocupante.

                            Vitória, quinta-feira, 30 de outubro de 2003.

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