segunda-feira, 27 de março de 2017


O Governo é Inimigo?

 

                            Quando estive na antiga AFES (Associação do Fisco Espírito-santense), depois Sindifiscal (Sindicato do Grupo TAF no ES), Avenida República, Ed. Portugal, salas 409/10, desenvolvi o conceito de que o governo é ESCRITÓRIO DO CAPITAL, bureau da burguesia e seus interesses econômicos/financeiros, e que o Estado geral é tão patrão quanto qualquer outro, portanto, perfeitamente defrontável (entramos com ação de reposição de perdas em 1990 para mais de 700 fiscais).

                            Ora, deveríamos poder distinguir se os governos dos ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo) são amigos ou inimigos.

                            Se soubermos o que é amigo saberemos o que é não-amigo, porque formam um par polar oposto/complementar. Então, precisamos definir o que é amigo. Em termos sexuais amigo é de mesmo sexo, amante de outro sexo. Em termos políticadministrativos é conjunto do qual nos sentimos próximos e no qual podemos confiar. Tal como a riqueza a amizade é relativa, é de valor crescente, não é absoluta – a inimizade é absoluta, é ela uma falta, uma ausência de proximidade, uma desconfiança.

                            Daí que, em primeiro lugar, proximidade ou confiança seja um índice ou indicador de amizade. Pode ser pequena ou grande, porque podemos ser amigos recentes ou amigos de longa data, de grande proximidade ou confiança. Confiança é fiança mútua, um fia ou abona ou afiança o outro e vice-versa.

                            Em segundo lugar, amizade deve ser, como decorrência da confiança, a certeza de que de lá não virá o mal; podemos estar certos disso – aquela pessoa (indivíduo, família, grupo ou empresa) pode ser excluída do leque dos que, potencialmente, por ação ou inação, por ato ou descuido nos faria mal. Sendo assim, podemos confiar o que é importante para nós a essa pessoa sem quaisquer cuidados ou atenções, com crescente certeza na sinceridade das afirmações.

                            Em terceiro lugar a amizade deve proporcionar alegrias (sem que fujamos das tristezas, quando devam ser compartilhadas), porque o bem-estar pretendido pelo corpomente humano pede que busquemos satisfação nas coisas e nos eventos.

                            Poderíamos continuar, mas cabe apenas perguntar.

                            EM RELAÇÃO A NÓS

1.       Os governos são confiáveis para seus trabalhadores, os empresários, o povo, as elites?

2.      Devemos acreditar que dos governos não virá o mal?

3.      Os governos nos proporcionarão alegrias não-acidentais, ou seja, alegrias propositais?

Penso que, em cada caso, a resposta é sempre NÃO.

Porisso entendo que os governos não são amigos, se não são inimigos, se não estão exatamente no pólo oposto, pois há indiferença.

Mas a quem os governos beneficiam? A lista é grande, mas antes de tudo os governos são amigos dos burocratas que os formam e dos governantes do Executivo, políticos do Legislativo e juizes do Judiciário que deles se aproveitam, e dos burgueses que com eles lucram.

Por não ser amigo, por ser potencial inimigo, o Governo geral deve ser vigiado constantemente, insistentemente, avidamente até, com total atenção. A coletividade não pode descuidar nem um segundo. Ele está lá para cumprir uma tarefa transitória e quando não sirva mais deve ser irremediavelmente afastado, jogado fora mesmo.

Vitória, sexta-feira, 17 de outubro de 2003.

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