O Governo é Inimigo?
Quando estive na
antiga AFES (Associação do Fisco Espírito-santense), depois Sindifiscal
(Sindicato do Grupo TAF no ES), Avenida República, Ed. Portugal, salas 409/10,
desenvolvi o conceito de que o governo é ESCRITÓRIO DO CAPITAL, bureau da
burguesia e seus interesses econômicos/financeiros, e que o Estado geral é tão
patrão quanto qualquer outro, portanto, perfeitamente defrontável (entramos com
ação de reposição de perdas em 1990 para mais de 700 fiscais).
Ora, deveríamos
poder distinguir se os governos dos ambientes (municípios/cidades, estados,
nações e mundo) são amigos ou inimigos.
Se soubermos o que é
amigo saberemos o que é não-amigo, porque formam um par polar
oposto/complementar. Então, precisamos definir o que é amigo. Em termos sexuais
amigo é de mesmo sexo, amante de outro sexo. Em termos políticadministrativos é
conjunto do qual nos sentimos próximos e no qual podemos confiar. Tal como a
riqueza a amizade é relativa, é de valor crescente, não é absoluta – a
inimizade é absoluta, é ela uma falta, uma ausência de proximidade, uma
desconfiança.
Daí que, em primeiro
lugar, proximidade ou confiança seja um índice ou indicador de amizade. Pode
ser pequena ou grande, porque podemos ser amigos recentes ou amigos de longa data,
de grande proximidade ou confiança. Confiança é fiança mútua, um fia ou abona
ou afiança o outro e vice-versa.
Em segundo lugar,
amizade deve ser, como decorrência da confiança, a certeza de que de lá não
virá o mal; podemos estar certos disso – aquela pessoa (indivíduo, família,
grupo ou empresa) pode ser excluída do leque dos que, potencialmente, por ação
ou inação, por ato ou descuido nos faria mal. Sendo assim, podemos confiar o
que é importante para nós a essa pessoa sem quaisquer cuidados ou atenções, com
crescente certeza na sinceridade das afirmações.
Em terceiro lugar a
amizade deve proporcionar alegrias (sem que fujamos das tristezas, quando devam
ser compartilhadas), porque o bem-estar pretendido pelo corpomente humano pede
que busquemos satisfação nas coisas e nos eventos.
Poderíamos
continuar, mas cabe apenas perguntar.
EM RELAÇÃO A NÓS
1. Os governos são confiáveis para seus
trabalhadores, os empresários, o povo, as elites?
2. Devemos acreditar que dos governos não
virá o mal?
3. Os governos nos proporcionarão
alegrias não-acidentais, ou seja, alegrias propositais?
Penso que, em cada caso, a resposta é
sempre NÃO.
Porisso entendo que os governos não
são amigos, se não são inimigos, se não estão exatamente no pólo oposto, pois
há indiferença.
Mas a quem os governos beneficiam? A
lista é grande, mas antes de tudo os governos são amigos dos burocratas que os
formam e dos governantes do Executivo, políticos do Legislativo e juizes do
Judiciário que deles se aproveitam, e dos burgueses que com eles lucram.
Por não ser amigo, por ser potencial
inimigo, o Governo geral deve ser vigiado constantemente, insistentemente,
avidamente até, com total atenção. A coletividade não pode descuidar nem um
segundo. Ele está lá para cumprir uma tarefa transitória e quando não sirva
mais deve ser irremediavelmente afastado, jogado fora mesmo.
Vitória, sexta-feira, 17 de outubro de
2003.
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