segunda-feira, 27 de março de 2017


Que Gastos São Multiplicativos?

 

                            Os economistas introduziram o conceito de “arrastamento econômico”, isto é, o conjunto de atividades que provocam o disparo dos movimentos econômicos compulsivos. Devemos investigar se há utilidade nele, se ele é válido para deslindar os elementos ou modelos de compreensão, isto é, se há contraste que potencialize a compreensão.

                            Supostamente os gastos governamentais keynesianos (John Maynard Keynes, inglês, 1883 a 1946), aplicados aberta e ostensivamente na New Deal (Nova Política) americana pelo presidente Roosevelt (Franklin Delano, 1882 a 1945) a partir de 1933 para reparar os efeitos daninhos da Grande Quebra de 1929 levaram a grande arrastamento econômico, ao passo que os desejos satisfeitos dos ricos e a ausência de poupança dos pobres levaria a emperramento econômico e a retrações, sendo a causa das intermitentes crises do capitalismo.

                            Isso é o efeito, aparência, não é a causa. É sintoma, não é o gerador do sintoma. É a febre, não é a doença.

                            Por quê fazer piscinas seria pior que plantar mandioca? Em termos matemático as unidades monetárias são iguais. O que muda, então?

                            O que é alterado é a Psicologia (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias) e tudo é “arrastamento psicológico”, quando se anuncie “arrastamento econômico” (arrastamento agropecuário/extrativista, arrastamento industrial, arrastamento comercial, arrastamento de serviços, arrastamento bancário).

                            Agora, os arrastamentos podem ser MACIÇOS e RESTRITOS. Quando são maciços um frisson ou uma felicidade geral se espalha e todos se lançam à movimentação econômica/financeira; todos participam, todos se aventuram, todos se jogam, todos arriscam. Essa é a diferença. Evidentemente, quando os governos aplicam em obras públicas levam grande quantidade de gente ao trabalho, ESPALHAM A FELICIDADE, que contamina a todos e não a um grupo restrito. Quando os ricos investem em bens suntuários, poucos ficam felizes, poucos se alegram, pois essa felicidade distribuída é segregativa, ela se destina a poucos, a um grupo restritíssimo, ínfimo.

                            Eis a razão de as aplicações dos ricos criarem círculos cada vez mais restritivos, de menor área, servindo a menos gente. Deveríamos pensar numa PSICOLOGIA DO ARRASTAMENTO, que depende fortemente de propaganda (no bom sentido). Se as pessoas TODAS se convencessem de que a construção de piscinas é que “é o quente” e disso nascesse um movimento TOTAL, nacional, de multiplicação, tal atividade, que é característica dos ricos hoje, seria de grande arrastamento.

                            Então, não depende de ser esta ou aquela atividade, MAS DE CRENÇA; assim, se a crença pudesse ser estimulada no vazio de fatos ela provocaria arrastamento, independentemente de onde se situasse nas cinco (redefinidas) classes do TER (A, B, O, C e D) a conversão psicológica. Portanto, os governempresas devem MIRAR O CONVENCIMENTO, que apela ao coletivo COM, o vencimento conjunto, a partilha da crença. Devem mirar os ligativos, os pontos de união, os conectivos psicológicos. Não basta o anúncio, devemos perguntar se o anúncio comporta cimentos, colas que ligam as partes ou conjuntos PESSOAIS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e AMBIENTAIS (municípios/cidades, estados, nações e mundo) e as fazem particip/ativas, ativas e reativas, gerando uma espiral de crescimento e de desenvolvimento.

                            Vindo depois de uma catástrofe, quando todos ou quase todos estavam propensos [desde já o modelo de soma zero 50/50 distribui as crenças/descrenças em (2,5 + 46,5 + 47,5 + 2,5) = 100 % - de modo que sempre vai haver uma descrença irredutível de pelo menos 2,5 %] a acreditar, Roosevelt teve certa FACILIDADE DE CONVENCIMENTO, como as lideranças japonesas e alemães após a Segunda Guerra e seu decorrente estado de penúria. Em estado de felicidade relativa é difícil convencer os outros, mas se alguém for capaz de inventar o novo convencimento, isso provocará arrastamento econômico ou psicológico geral, como Reagan fez a partir de 1980, abatendo os impostos dos ricos.

                            Então, o “arrastamento econômico” não passa de uma dependência da propaganda e da teoria do convencimento, que é parte da prateoria do controle ou da comunicação, isto é, mais geralmente ainda da prateoria da informação-controle. Se qualquer governempresa deseja provocar RÁPIDO CRESCIMENTO deve olhar, deve estudar a forma de pela propaganda construir nos espíritos a ÂNSIA DE MUDAR, o que significa conhecer profundamente a cultura ou povelite ou nação por suas expectativas de vida, seus sonhos. Não se trata de entregar a tarefa aos economistas, mas sim aos propagandistas, e mais largamente aos psicólogos. Isso pode ser feito em qualquer geo-história ou espaçotempo, bastando dispor de uma prateoria nacional conveniente, isto é, como agradar povo e elites, governos e empresas, políticos e administradores, pessoas e ambientes. Não depende dos produtos, não depende de coisa alguma, fora a satisfação dos sonhos. Para satisfazer os sonhos é preciso CONHECER OS SONHOS, seja através de pesquisas estatísticas de campo, seja através do conhecimento geo-histórico, seja através do pensamento de quais são as faltas, SENTIDAS ou não, dos vários conjuntos.

                            Assim sendo, o “arrastamento econômico” não é um PORQUE, não é explicação (que levaria a repetições seguras) e sim um COMO, isto é, descrição dos fatos depois dos atos; não é tecnociência econômica, pois não passa de magia e arte dos economistas. É sentimento, não é razão.

                            Keynes acertou por acaso, porque apontou UMA das propagandas, a aplicação vultosa de tributos em obras maciças, popularmente falando. Atingindo tanta gente levou à multiplicação antes de tudo psicológica, implantando um ESPÍRITO FAVORÁVEL em todos os EUA, o mesmo que Getúlio Vargas fez aqui, depois, e foi feito em toda parte.

                            Keynes não proporcionou uma prateoria geral, válida universal e racionalmente, em todo o planeta, para todas as coisas. O acaso do acerto se esgotou com ele.

                            Vitória, quinta-feira, 16 de outubro de 2003.

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