quinta-feira, 30 de março de 2017


Respeito aos Garis

 

                            Já vimos que só aquelas coletividades que se dêem o direito e o dever de resolver problemas cada vez maiores podem pleitear e alcançar futuros cada vez melhores, pois é dos problemas que podem advir (ou não) as soluções.

                            Vimos também que só os conjuntos (DE PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos e empresas; DE AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações e mundo) que se dilatam, por exemplo, através da cristianização, que é um dos modos de se preocupar com mais gente, podem amealhar a quantidade de problemas que as faz sobressair das demais, ultrapassando-as, como o Ocidente fez com o Oriente, como o Norte tem feito com o Sul, etc.

                            Onde os serviços são caros, onde o trabalho é bem remunerado, onde todo requisito de participação alheia é pago, onde, digamos, os serviços dos garis custam caro máquinas são desenvolvidas, o que implica em pesquisa teórica & desenvolvimento prático de programáquinas, programas e máquinas, e de processobjetos, processos e objetos que são exportados aos demais ambientes e rendem proeminência do coletivo e riquezas de grande arrastamento socioeconômico.

                            Onde o serviço dos garis custa, como no Brasil, apenas um salário mínimo de 240 reais por mês, coisa de 80 dólares, não faz muito sentido desenvolver os programáquinas, que custariam imensamente mais, e talvez não fossem comprados pelas comunidades sob o falso pretexto da extensividade do trabalho, quer dizer, do emprego de muita gente, da massividade da quantidade, em vez de especificidade penetrante da qualidade. Aqui falta respeito a eles, de modo que eles saem varrendo ruas quilométricas (pense no conselho de Cristo, de não fazer aos outros o que não queremos que nos façam: você varreria dois ou três quilômetros de ruas por dia?), dia-após-dia, carregando sacos de plástico, quando máquinas aspiradoras fariam o mesmo trabalho em um quarto ou menos do tempo e sem qualquer cansaço significativo. E por não necessitar a burguesia brasileira de tais máquinas elas não são pesquisadas & desenvolvidas, não geram empregos, não empregam cientistas e técnicos, não constituem motivo de desenvolvimento nacional. Burguesias que não respeitam os outros não respeitam a si mesmas.

                            Vitória, quinta-feira, 30 de outubro de 2003.

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