quinta-feira, 30 de março de 2017


Ensino por Contraste

 

                            O modelo mostrou algumas coisas, por exemplo, que há uma razão (que eu não conheço ainda) de as pessoas não lembrarem mais que cinco números, um centro e quatro do quadrado de base da pirâmide, e de perceberem as coisas por contraste ou oposição.

                            Nós não vemos seqüências de números, digamos os da venda no Espírito Santo dos jornais A Gazeta e A Tribuna, quem vende quanto, pois tudo é muito dinâmico e existem milhares de informações a preservar. Devemos pensar em DOIS MÓDULOS INFORMATIVOS (e de controle ou comunicação): 1) quantitativo ou suficiente, mínimo de vivência; 2) qualitativo ou necessário, isto é, objeto de desejo, supérfluo para quem não pode ter. O peso é um critério nitidamente quantitativo, de modo que interessa ao povo, enquanto a beleza é visivelmente qualitativa e aclamada pelas elites.

                            A propaganda de A Tribuna, que ultrapassa em vendas A Gazeta, era a respeito dos números que têm cinco dígitos, tipo 55.217 e 38.420, e isso sete dias por semana, o que dava 7 x 2 = 14 números, cada um de cinco dígitos, daí 14 x 5 = 70 números a guardar. Agora a propaganda ficou mais esperta e fala de QUANTO A Tribuna ultrapassa A Gazeta em cada dia, mas ainda coloca cinco dígitos. Isso não interessa! Devemos reduzir 55.217 a dois ou três dígitos e 38.420 a três ou dois, somando cinco, no máximo, assim: 55 mil de A Tribuna e 38 mil de A Gazeta – no que AT ultrapassaria AG em 17 mil. Agora temos 55, 38 e 17, seis dígitos, e se 17, apenas 2, daí 7 dias por semana x 2 dígitos = 14 dígitos, que podem ser reduzidos pela soma semanal a apenas dois, destacáveis.

                            Eles querem vender jornais, que vendem propagandas, de onde vem o dinheiro; ou classificados, que dependem do número de jornais vendidos, o que dá o presumido número de leitores (x 4, eu acho; se a venda é de 55 mil devem existir uns 220 mil leitores). Então devem anunciar QUANTOS LEITORES a mais serão atingidos por dia – todos os de AG MAIS tantos (se 17 a mais, 17 x 4 = 68 mil leitores A MAIS naquele dia) e só isso. O povo não tem tempo de guardar números e as elites só estão interessadas nos critérios qualitativos, entre os quais EFICÁCIA DE VENDAS, razão pela qual continuam a anunciar em AG.

                            Porque, diz o modelo, as pessoas aprendem por contraste e só guardam dados contrastados (razão pela qual quero criar um novo tipo de ensinaprendizado, conforme proposta registrada em cartório e enviada à Rede Globo). Esse ENSINO POR CONTRASTE, EC, contempla os destaques, as coisas que sobressaem das demais, havendo razão para guardar esses dados no competitivo mercado da memória, onde existe pouco espaço para tanto coisa que o mundo produz em volta de nós. Dentre todos os zilhões de dados diários quais serão guardados? Só os destacados ou contrastados, que dão valor de sobrevivência na luta por aptidão ou futuro.

                            Quem é que deixa descendência?

                            Os que contrastam. Quem tem tempo para os que são iguaizinhos? Esses constituem apenas a terra estercada onde é plantada a eficiência contrastante ou destacada. Essa cresce e se expande. Você se lembra dos professores bonzinhos e apagadinhos? Não, só dos que berravam ou eram ruins como carne de cobra, exigentes a não mais poder, que se destacavam.

                            Do mesmo modo na propaganda.

                            Quais as propagandas que marcaram a gente? Foram aquelas que fizeram apelos novos, modos de apresentar que nunca tínhamos visto, coisas que chocavam pela novidade, até o susto.

                            É porisso que a propaganda de AT (tanto a de antes quanto a de agora) não emplaca: ela não segue as regras do contraste e os conselhos de mínimo do modelo.

                            Vitória, terça-feira, 04 de novembro de 2003.

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