quinta-feira, 30 de março de 2017


O Mais Horrível dos Ditadores

 

                            Não há mais terrível inimigo da humanidade do que aquele que destrói os meios de conhecer, em particular a mídia (enquanto MEIOS DE TRANSMISSÃO: TV, Rádio, Revista, Jornal, Livro/Editoria e Internet). Porisso, onde houver proibição de uso desses meios há ditadura, creia. Porque, pense, se a Internet traz para dentro de nossas casas coisas daninhas devemos aprender a combatê-las abertamente – se elas se tornam vitoriosas significa que a maioria quer.

                            Impedir o saber de transitar significa o apequenamento do jogo, a redução dele a uma paródia, a uma imitação, através da constrição e do fechamento, até a chamada “paz dos cemitérios” – não havendo mais gente que discutir a discussão é zero. Contudo, o que desejamos é o fim da perfídia e da podridão e não o fim de quem esposa essas opiniões; as pessoas devem decidir livremente que daquele modo não é correto.

                            Assim, quando ditadores destruíram e queimaram livros não estavam produzindo para seus povos futuros bons, pois mataram os problemas e conseqüentemente as chances de encontrar as soluções equivalentes. Podemos fazer uma lista das situações que existiam um pouco antes e um pouco depois do aparecimento daqueles ditadores (sejam eles líderes militares, califas ou qualquer chefe religioso, o que for), enquadrando o que havia antes e o que se seguiu e veremos que, fatalmente o estreitamento cultural ou do povelite/nação se deu na posteridade, levando à prostração da sociedade e da civilização, isto é, ao afunilamento delas e de suas potências de sobrevivência ou oportunidades de chegar ao futuro.

                            Impedir de saber não é travar as lutas, é evitá-las. Mesmo que as coletividades aumentem numericamente, quer dizer, pelo quantitativo, isso não se deve à presença qualitativa, que exige respeito mútuo, inclusive entre homens e mulheres. A supressão não diminui apenas o adversário, reduz também o executor, pois doravante haverá necessidade menor de soluções amplas que englobem a todos. É claro que a Igreja, por exemplo, suprimiu a muitos e cresceu, até qualitativamente, mas isso se deu porque depois ela mesmo fez muito através do amor de Cristo para dilatar a todos. Então, se cresceu, apesar do que fez, o mérito é de Cristo. Poderia ter crescido ainda mais. O mais terrível ditador é aquele que suprime as oposições; e quanto mais suprimiu mais horrível foi. Basta fazer a lista, quantitativa e qualitativa.

                            Vitória, sábado, 01 de novembro de 2003.

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