terça-feira, 7 de fevereiro de 2017


Sucesso dos Filmes Brasileiros

 

                            Só fazem sucesso no exterior os filmes brasileiros que mostram as misérias daqui, como disse nosso amigo PACOS, porque intelectual brasileiro só fica feliz quando está sofrendo (pelo menos imaginariamente). Veja os filmes de Glauber Rocha e mais recentemente Central do Brasil e Cidade de Deus.

                            Primeiro, os intelectuais do cinema brasileiro, principalmente do Cinema Novo, só fazem filmes tristes e desesperados. No cinema mais antigo, com Oscarito, com Grande Otelo, com Mazzaropi (o nome dele nem consta da Barsa eletrônica) e vários outros gargalhávamos – aqueles filmes eram grandes em nossas almas. Os de agora vão a busca de aplausos, quando o povo precisa de amparo. Ao tentarem fazer grandes e premiáveis os filmes daqui os cineastas brasileiros acabam por apequená-los, ao se recusarem a assumir a simplicidade da vida nacional. Aqueles milhares de assuntos singelos abordáveis, que realmente mostrariam grandeza expressiva, não são servidos nem como cafezinho no restaurante dos intelectuais, quanto mais como refeição do sonhado grande banquete.

                            Porque estão sempre tentando imitar o estrangeiro nunca conseguem nada de relevante. É que OS ESTRANGEIROS SÃO MESTRES NAQUILO QUE FAZEM, não podem ser por enquanto superados. Para alcançá-los e depois ultrapassá-los é preciso ser capixaba, brasileiro, sul-americano, terceiro-mundista, do hemisfério sul, atrasado, medíocre, multiplicativo, simples, coió, jacu. É preciso ter a grandeza de achar-se pequeno, de ser formiga antes de nascer elefante, de encarnar como verme antes de ser julgado racional. Ora, os intelectuais daqui julgam-se acima do ofício de motoboy, eles querem logo a presidência da firma, sem passar pelos degraus da longa escadaria. As consequências são estas: eles fornecem munição aos estrangeiros que desejam ver só o lado podre do Brasil. Não que este deva ser ocultado, de modo algum, deve ser explicitado como denúncia e denúncia chocante mesmo – mas é que em qualquer lugar a soma é zero, 50/50, também há o outro lado.

                            Vitória, quarta-feira, 19 de março de 2003.

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