sábado, 25 de fevereiro de 2017


Campresidência

 

                            Como disse para as prefeituras, devendo existir uma para o campo e outra para a cidade (afinal, a cidade é a capital do município, e é quase sempre pequena e relação a este), o mesmo deve se dar para a Presidência da República. Aliás, no plano estadual, onde se repetiria a providência, teríamos o governatório, o lugar de onde se governa, com o governador no centro - enquanto não há termo equivalente para a Presidência – também com dois segmentos na vice-governadoria.

                            Teríamos uma Vice-Presidência do Campo e outra Vice-Presidência das Cidades (na realidade poderiam ser vários vice-presidentes com tarefas, o que impediria que o solitário de agora conspirasse contra o presidente), enfeixadas pelo presidente e prestando contas a ele. Como estamos agora, dá-se muita atenção às cidades e quase nenhuma ao campo. A paridade serviria para revalorizar a roça, as propriedades rurais, os distritos. Os prefeitos se dirigiriam a um ou a outro, conforme as necessidades, e não diretamente ao presidente, exceto no caso de tantas maiores cidades (as 100 mais, digamos, em determinados períodos característicos, exceto para as 10 maiores).

                            Quais são os problemas do Campo (em maiúsculas conjunto ou família ou grupo de campos)? É claro que não são os mesmos das cidades, mas os moradores de lá não têm atendimento especial, interessado, interessadíssimo até. Ficam distantes, pegando a mesma fila das cidades, que contém muito mais moradores e detém maior riqueza. Quem os estuda, particularmente? Os tecnartistas e os pesquisadores se voltam para eles, para seus problemas, em busca de soluções? Não, claro que não. Só de a pergunta parecer estranha já vemos quão distantes estamos da solução.

                            Então, só por isso a República não pode se pretender igualitária, e isso é um dano que causa problemas inumeráveis.

                            Vitória, segunda-feira, 09 de junho de 2003.

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