Desejo
No livro de Paul A.
Samuelson (economista americano, Indianápolis 1915...), Introdução à Análise Econômica, I, Rio de Janeiro, Agir, 1973, p.
17, ele coloca: “Sabemos que um médico, ardentemente interessado em acabar com
uma doença, precisa, primeiro, aprender a observar as coisas tal como são. A
sua bacteriologia não pode ser diferente da do cientista louco que quer
destruir a humanidade com a peste. O pensamento baseado no desejo é nocivo e conduz a pouca
realização do desejo. ‘Onde é dever adorar o sol, as leis do calor
serão mal compreendidas’”, negrito e colorido meus.
Isso é budista, é
zen, e é taoísta.
Podemos refazer a
frase muitas vezes:
·
O pensamento baseado em dinheiro é
nocivo e conduz a pouca realização do dinheiro (veja e aplique em que fica
preocupado constantemente com ele).
·
O pensamento baseado em doença é
nocivo e conduz a pouca realização baseada na doença.
·
O pensamento baseado em vingança é
nocivo e conduz a pouca realização baseada em vingança (porque muito do tempo da pessoa é
destinado a tramar a vingança, sobrando pouco para outras tarefas).
·
O pensamento baseado em amor é nocivo
e conduz a pouca realização baseada em amor (a superafirmação do amor torna-o meloso, insistente
demais, ciumento, compulsivo, etc.).
Veja então que de fato Samuelson é
grande. Com uma afirmação lateral abre portas e portas, expondo a condição
destrutiva do desejo, tal como Buda havia feito nas Quatro Nobres Verdades,
enquanto identificação do problema, e no Caminho de Oito Vias, enquanto
solução.
E essa é a marca da grandeza e da
verdadeira nobreza, que de poucas linhas emane tanto. E de passagem ficamos
sabendo que mesmo o cientista louco precisa colar na realidade, ele tem
capacidade de se adequar por pensamento ao real, é capaz de observar as coisas
tal como elas são, do ponto de vista da Ciência (embora possa estar gravemente
doente em termos psíquicos).
Vitória, sábado, 14
de junho de 2003.
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