Separação
Isso de que quase
todos gostam é uma tortura para mim, anarco-comunista, ansioso pela igualdade
real dos seres humanos. Entrementes, situado num tempo tão recuado, caminho
para o supremo desgosto, o da acumulação.
É risível que todos
esses não percebam, inclusive os que se diziam revolucionários 30 anos atrás, o
quanto a mais simples dilatação de patrimônio nos separa uns dos outros e a que
tristes extremos chegamos nós como coletivo através das disparidades. Isso de
Bill Gattes ter 60 ou 100 bilhões de dólares, e outras quantias menores, isso
de ser o mais rico do mundo é dizer-se o mais separado em todo o planeta.
Ser de qualquer
elite é ser sempre distinto, criar essa ilusão do “acima” e do “abaixo”. Veja,
se Deus ama a todos DO MESMO MODO é porque os vê essencialmente como iguais,
isto é, indistintos. Se Deus é, por definição, onipotente (todo-poderoso),
onividente (vê tudo), onipresente (está em todos os lugares, o chamado “dom da
ubiqüidade”), imortal (está em todo os tempos), se é, em resumo, o Ser
Perfeito, e é capaz do mais perfeito dos julgamentos, e se preza a todos
igualmente, o DISTANCIAR humanamente não é contrariar Deus?
Criar fossos entre
um e outro, entre todos e cada um não é eminentemente errado? Não contrasta com
a mensagem cristã? Não é anticristão? Assim, em vez da mensagem da demência
calvinista que abona o capitalismo com a chamada “ética protestante do
trabalho” que justificaria a acumulação desenfreada da América do Norte, o
certo não seria a igualdade plena?
Deste modo,
pressionado pelo amor aos filhos e à humanidade, vou acumular contrariadíssimo.
É o fim da picada!
Vitória, domingo, 08
de junho de 2003.
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