terça-feira, 28 de fevereiro de 2017


Os Descamisados Argentinos

 

                            Conhecer, volume 7 (São Paulo, Abril Cultural, 1970), p. 1.632, conta a história de como apareceram os “descamisados” argentinos. Na realidade o movimento rebelde que destronou o governo foi levado adiante pelo Grupo Unido de Oficiais, como sempre composto de jovens militares de tendência nacionalista, lá como no Brasil (onde aconteceu antes, de 1930 para frente). Tendo Perón, que se engajou em reformas verdadeiras, sido afastado do posto que ocupava, a verdadeira multidão de operários vinda de bairros distantes encontrando pelo caminho um rio atravessou-o a nado; molhados e sem camisas, foram chamados de descamisados, quer dizer, os sem-camisa, mas não por serem pobres e sim porque as tiraram para nadar ou, tendo-as molhado, tiraram-nas para secar. Não eram esfarrapados, eram trabalhadores. Empossaram-no em 1946 e Perón, que não era bobo, forjou o mito da representação dos empobrecidos, los pobrecitos, criando uma farsa mundial monumental. Até ler tal notícia sempre acreditei que ele tinha verdadeira preocupação com os depauperados.

                            Coisa nenhuma!

                            O coronel Perón (Juan Domingo, 1895 a 1976, 81 anos entre datas) era mais um aproveitador, como Getúlio Dornelles Vargas (1883 a 1954, 71 anos entre datas) no Brasil e tantos outros no mundo, aproveitadores vestindo pele de cordeiro, como lobos da burguesia que eram, mas convencidos de que de fato preocupavam-se com o povo. Talvez, um tiquinho.

                            Vale a pena a busca no sentido de desvendar todas as farsas mundiais, em cada país, em cada estado, em cada município/cidade – todas as inversões, todas as falsificações interesseiras da burguesia. Não que isso sirva ao passado, claro que não, mas pelo menos nos prepararemos para os golpistas do futuro.

                            Vitória, segunda-feira, 23 de junho de 2003.

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