Os Descamisados
Argentinos
Conhecer, volume 7 (São Paulo, Abril Cultural, 1970), p. 1.632,
conta a história de como apareceram os “descamisados” argentinos. Na realidade
o movimento rebelde que destronou o governo foi levado adiante pelo Grupo Unido
de Oficiais, como sempre composto de jovens militares de tendência
nacionalista, lá como no Brasil (onde aconteceu antes, de 1930 para frente).
Tendo Perón, que se engajou em reformas verdadeiras, sido afastado do posto que
ocupava, a verdadeira multidão de operários vinda de bairros distantes encontrando
pelo caminho um rio atravessou-o a nado; molhados e sem camisas, foram chamados
de descamisados, quer dizer, os sem-camisa, mas não por serem pobres e sim
porque as tiraram para nadar ou, tendo-as molhado, tiraram-nas para secar. Não
eram esfarrapados, eram trabalhadores. Empossaram-no em 1946 e Perón, que não
era bobo, forjou o mito da representação dos empobrecidos, los pobrecitos,
criando uma farsa mundial monumental. Até ler tal notícia sempre acreditei que
ele tinha verdadeira preocupação com os depauperados.
Coisa nenhuma!
O coronel Perón
(Juan Domingo, 1895 a 1976, 81 anos entre datas) era mais um aproveitador, como
Getúlio Dornelles Vargas (1883 a 1954, 71 anos entre datas) no Brasil e tantos
outros no mundo, aproveitadores vestindo pele de cordeiro, como lobos da
burguesia que eram, mas convencidos de que de fato preocupavam-se com o povo.
Talvez, um tiquinho.
Vale a pena a busca
no sentido de desvendar todas as farsas mundiais, em cada país, em cada estado,
em cada município/cidade – todas as inversões, todas as falsificações
interesseiras da burguesia. Não que isso sirva ao passado, claro que não, mas
pelo menos nos prepararemos para os golpistas do futuro.
Vitória,
segunda-feira, 23 de junho de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário