segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


Como que por Mágica

 

                            O filme começa como um qualquer da era pós-contemporânea, com carros, com gente num PUB londrino assistindo TV e bebendo cerveja, com tudo superindustrial e supertecnocientífico, só que com o avançar da trama percebe-se que há uma graduação de curandeiros, de magos, de feiticeiros, de necromantes – magia branca e magia negra – em jornais, em universidades, em fábricas de automóveis, e que tudo se conjura. Desde a prestidigitação até a magia verdadeira, tudo é mágico e artístico, que são os pólos dominantes sobre a Teologia/Religião, a Filosofia/Ideologia e a Ciência/Técnica, e que toda Matemática está voltada para confirmar os teoremas da Magia.

                            Os rituais são como os tecnocientíficos, só que mágicartísticos, com tudo surgindo do nada, dando espaço e tempo para uma paródia à T/C. Cinqüenta autores diferentes, observando as obras uns dos outros, num crescendo de complexidade, irão compondo os episódios da série que sucederá o filme-piloto.

                            Risível, com situações de pilhéria, com deboche da pompa tecnocientífica, com mágicas e contramágicas, com tremendas doutrinas da origem das coisas, onde vicejam o calórico, o éter, o foglístico, a energia vital, tudo que foi expulso, as forças como espíritos, a teoria do mago Ptolomeu. Os heróis são diferentes, são os magos destronados. Os bandidos são os hereges fulano e beltrano, os cientistas que aqui são louvados. Há muito espaço para pesquisa pelos autores dos textos, dos scripts que irão guiar a construção coletiva bastante coerente. Magos podem ser contratados para a brincadeira, assim como pesquisadores dos demais vértices, um chiste universal supremamente divertido. Renderá muitos risos e diversão altamente centrada, com deboche para os orgulhosos, muita oportunidade de baixar as cristas, os topetes dos soberbos.

                            Vitória, segunda-feira, 23 de junho de 2003.

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