Deprimente Fisco
Entrei para o Fisco
estadual capixaba em 02/07/1984 (como já retratei várias vezes), perto de 19
anos agora.
Eram em 1988, com a
entrada da última fração do concurso de 1984, 350 pensionistas e 1.450 na
ativa. Agora a quantidade de pensionistas não mudou quase nada, os aposentados
são 1.000 e na ativa estamos cerca de 450, dos quais mais de 100 chefes
(existem chefes de si mesmos, lá colocados por acordos políticos).
Tentei mudar as
concepções, mas não fui muito feliz, várias iniciativas fracassaram. O Tributo nas Escolas (idéia inicial de
Joemar Dessaune, anteprojeto que levei à Assembléia Legislativa do ES e passou
por adoção de José Carlos Gratz, depois presidente por três períodos de dois
anos, agora detido na Polícia Federal em São Torquato, Vila Velha, ES) passou
como Consciência Tributária porque só
atingirá as crianças, que chegarão ao poder daqui a 30 ou 40 anos, quando os
meliantes de agora estiverem mortos, mas o Jeca
Tutu, Uma Cartilha Pedagógica Tributária, não foi adiante, porque tocaria
JÁ as consciências de pais e mães, transformando-os (as) em cidadãos exigentes
de respostas. Várias outras propostas também não foram adiante, infelizmente.
No todo há em nossa
categoria ladrões que roubam vias de notas fiscais para revendê-las, gente que
vende decretos e portarias, ex-secretários que propiciaram regimes especiais em
troca de milhões, há preguiçosos, há escamoteadores, morcegos que chupam o
trabalho alheio, há todo tipo de horror, vista a necessidade do povelite/nação
de uma categoria realmente eficaz e compromissada. Somos criaturas horrorosas,
desse ponto de vista, porque não compreendemos nossa missão. Esse “mea culpa”
as categorias todas deveriam fazer: NÓS SOMOS INEFICIENTES, quando se trata de
resposta necessária.
O Fisco (mundial,
federal brasileiro, estadual capixaba, municipal/urbano de Vitória) NÃO PRESTA,
salvo as exceções louváveis, e precisa de uma limpeza hercúlea desses estábulos
cheios de merda da corrupção. Somos corruptos de vários modos e em diversos graus
de podridão, seja por atividade e opção, seja por inércia e acomodação.
O Fisco é
deprimente, abusado, irrefletido, soberbo, alienado, incompetente, orgulhoso – tem
muitas características ruins. Precisa ser urgentemente purificado, como
condição de outras purificações sucessivas.
Vitória, domingo, 08
de junho de 2003.
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