sábado, 25 de fevereiro de 2017


Deprimente Fisco

 

                            Entrei para o Fisco estadual capixaba em 02/07/1984 (como já retratei várias vezes), perto de 19 anos agora.

                            Eram em 1988, com a entrada da última fração do concurso de 1984, 350 pensionistas e 1.450 na ativa. Agora a quantidade de pensionistas não mudou quase nada, os aposentados são 1.000 e na ativa estamos cerca de 450, dos quais mais de 100 chefes (existem chefes de si mesmos, lá colocados por acordos políticos).

                            Tentei mudar as concepções, mas não fui muito feliz, várias iniciativas fracassaram. O Tributo nas Escolas (idéia inicial de Joemar Dessaune, anteprojeto que levei à Assembléia Legislativa do ES e passou por adoção de José Carlos Gratz, depois presidente por três períodos de dois anos, agora detido na Polícia Federal em São Torquato, Vila Velha, ES) passou como Consciência Tributária porque só atingirá as crianças, que chegarão ao poder daqui a 30 ou 40 anos, quando os meliantes de agora estiverem mortos, mas o Jeca Tutu, Uma Cartilha Pedagógica Tributária, não foi adiante, porque tocaria JÁ as consciências de pais e mães, transformando-os (as) em cidadãos exigentes de respostas. Várias outras propostas também não foram adiante, infelizmente.

                            No todo há em nossa categoria ladrões que roubam vias de notas fiscais para revendê-las, gente que vende decretos e portarias, ex-secretários que propiciaram regimes especiais em troca de milhões, há preguiçosos, há escamoteadores, morcegos que chupam o trabalho alheio, há todo tipo de horror, vista a necessidade do povelite/nação de uma categoria realmente eficaz e compromissada. Somos criaturas horrorosas, desse ponto de vista, porque não compreendemos nossa missão. Esse “mea culpa” as categorias todas deveriam fazer: NÓS SOMOS INEFICIENTES, quando se trata de resposta necessária.

                            O Fisco (mundial, federal brasileiro, estadual capixaba, municipal/urbano de Vitória) NÃO PRESTA, salvo as exceções louváveis, e precisa de uma limpeza hercúlea desses estábulos cheios de merda da corrupção. Somos corruptos de vários modos e em diversos graus de podridão, seja por atividade e opção, seja por inércia e acomodação.

                            O Fisco é deprimente, abusado, irrefletido, soberbo, alienado, incompetente, orgulhoso – tem muitas características ruins. Precisa ser urgentemente purificado, como condição de outras purificações sucessivas.

                            Vitória, domingo, 08 de junho de 2003.

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