terça-feira, 28 de fevereiro de 2017


O Homem-País

 

                            No mesmo livro, p. 223, Marcelo Duarte diz:

                            “O automóvel foi inventado na Alemanha, em 1885, por Karl F. Benz e Gottlieb W. Daimler. Foi o americano Henry Ford que passou a fabricar carros em série. Os primeiros foram os modelos T, fabricados de 1908 a 1927. Venderam mais de 15 milhões de unidades”.

                            Na realidade foi Otto (Nikolaus August, alemão, 1832 a 1891) que inventou o motor de quatro tempos, no qual se basearam Daimler (alemão, 1834 a 1900, engenheiro inventor do motor leve a gás de petróleo) e Benz (alemão, 1844 a 1829, engenheiro inventor de um motor a gás de dois tempos) para fazerem seus carros. Uniram-se depois na Daimler-Benz, a atual Mercedes Benz.

                            Ford (Henry, americano, 1863 a 1947) foi o inventor da produção em série e do chamado “fordismo”, que propunha gestos mecânicos e repetitivos, depois criticado por Chaplin (Charles, inglês, criador de Carlitos, 1889 a 1977). Como está dito na citação, de 1908 a 1927, durante apenas 19 anos, vendeu 15 milhões de unidades do Ford T ou Bigode, e isso nos primórdios da tecnociência, no começo do século. Ford abriu uma filial no Brasil em 1919 e em 1924 foram produzidos 24.450 veículos, mas só em 1957 os alemães se instalaram. Não quero procurar os dados exatos, quem desejar que faça isso, mas os 15 milhões de T de Ford (quase um milhão por ano) chegam perto da produção de TODOS os automóveis feitos no Brasil desde então, por quase 50 anos, POR TODAS AS COMPANHIAS. Faça a busca e a comparação.

                            Assim, um homem “sozinho” (claro, engenheiros, administradores, operários, uma superestrutura por trás) equivale a todo um país imenso, do qual ele mesmo dizia: “O automóvel está destinado a transformar o Brasil numa grande nação”. Sim, mas até agora, não. Ora, isso se deu em razão da cristianização insuficiente deste país, onde as elites não deixaram as benesses civilizatórias atingir o povo na base.

                            Tendo Ford feito tanto, creio mesmo que ele merece uma estátua, e todo um museu, onde os computadores contem sua geo-história, ponto nele expraiando-se em círculos pelo mundo.

                            Vitória, domingo, 22 de junho de 2003.

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