Colonização Pontuada
No seu livro Civilizações Extraterrestres (Rio de
Janeiro, Nova Fronteira, 1980, original de 1979 nos EUA), capítulo 11, Exploração Espacial, p. 233 e ss., no
tópico Navegadores Espaciais, p. 243
e ss., nas páginas 245 e 246, ele tece comentários sobre a progressão das
conquistas espaciais, saindo da Terra e indo até a Lua, o Cinturão de
Asteróides, os planetas e seus satélites, depois para fora do sistema solar.
Como é que isso se
daria?
Fica parecendo que
vai haver um contínuo, uma reta que só irá sempre somando, enquanto na
realidade há ciclos, stop-and-go, pare-e-vá, como uma senóide ou uma
cossenóide, acumulando-se lentamente em uniformidade, depois se derramando
subitamente em catástrofe. Stephen Jay Gould foi um dos que falou do EQUILÍBRIO
PONTUADO, ou saltado, quer dizer, justamente a acumulação de ortodoxias com a
explosão subseqüente de uma heterodoxia (ou várias) soltando a água acumulada
no açude ou represa. As pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os
ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundos) só vão sob pressão, às
vezes pressão imensa, tantalizante, resistindo ao deslocamento até o último
instante.
Portanto, antes de
ir para os asteróides os seres humanos tentarão ficar o mais próximo possível
da Terra, não somente não indo até a Lua logo mas evitando-a ao máximo. Se
forem ficarão ali por um largo tempo, até se esgotarem as chances locais; no
limite darão o salto seguinte.
Então, quando os ficcionistas
fazem as projeções não levam em conta esse equilíbrio pontuado da EVOLUÇÃO
ESPACIAL, que é como qualquer outra. Salto, acumulação; novo salto, nova
acumulação; mais um salto, mais uma acumulação. Salto em poucos anos, décadas
de acumulação. Do lançamento do Sputinik em 1957 à pisada na Lua em 1969 foram
apenas 12 anos, mas desde ela até agora, em 2003, passaram-se 34 anos de
relativa paradeira. Assim, quando a Lua for objeto de assentamento, numa década
irão milhares, talvez, e depois passar-se-ão décadas, a menos que surja um fato
novo que mude a qualidade do evoluir.
E do mesmo modo será
com tudo - como aliás foi -, bastando olhar para a geo-história, o que até
valeria duas ou três teses de mestrado e doutorado.
Vitória, domingo, 22
de junho de 2003.
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