segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


Colonização Pontuada

 

                            No seu livro Civilizações Extraterrestres (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980, original de 1979 nos EUA), capítulo 11, Exploração Espacial, p. 233 e ss., no tópico Navegadores Espaciais, p. 243 e ss., nas páginas 245 e 246, ele tece comentários sobre a progressão das conquistas espaciais, saindo da Terra e indo até a Lua, o Cinturão de Asteróides, os planetas e seus satélites, depois para fora do sistema solar.

                            Como é que isso se daria?

                            Fica parecendo que vai haver um contínuo, uma reta que só irá sempre somando, enquanto na realidade há ciclos, stop-and-go, pare-e-vá, como uma senóide ou uma cossenóide, acumulando-se lentamente em uniformidade, depois se derramando subitamente em catástrofe. Stephen Jay Gould foi um dos que falou do EQUILÍBRIO PONTUADO, ou saltado, quer dizer, justamente a acumulação de ortodoxias com a explosão subseqüente de uma heterodoxia (ou várias) soltando a água acumulada no açude ou represa. As pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundos) só vão sob pressão, às vezes pressão imensa, tantalizante, resistindo ao deslocamento até o último instante.

                            Portanto, antes de ir para os asteróides os seres humanos tentarão ficar o mais próximo possível da Terra, não somente não indo até a Lua logo mas evitando-a ao máximo. Se forem ficarão ali por um largo tempo, até se esgotarem as chances locais; no limite darão o salto seguinte.

                            Então, quando os ficcionistas fazem as projeções não levam em conta esse equilíbrio pontuado da EVOLUÇÃO ESPACIAL, que é como qualquer outra. Salto, acumulação; novo salto, nova acumulação; mais um salto, mais uma acumulação. Salto em poucos anos, décadas de acumulação. Do lançamento do Sputinik em 1957 à pisada na Lua em 1969 foram apenas 12 anos, mas desde ela até agora, em 2003, passaram-se 34 anos de relativa paradeira. Assim, quando a Lua for objeto de assentamento, numa década irão milhares, talvez, e depois passar-se-ão décadas, a menos que surja um fato novo que mude a qualidade do evoluir.

                            E do mesmo modo será com tudo - como aliás foi -, bastando olhar para a geo-história, o que até valeria duas ou três teses de mestrado e doutorado.

                            Vitória, domingo, 22 de junho de 2003.

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