A Geografia do
Elevador
No livro O Guia dos Curiosos, São Paulo, Cia.
Das Letras, 2001, p. 220, o autor, Marcelo Duarte, diz:
“Os elevadores
elétricos pareceram em 1880. Na Roma do século I a.C., porém, um engenheiro
chamado Vitrúvius criou o primeiro elevador de carga, baseado num sistema de
roldanas movidas por força humana, animal ou água. Já o dispositivo de
segurança que entra em ação no caso de os cabos se romperem foi bolado pelo
americano Elisha Graves Otis, em 1851”.
O primeiro elevador
(motorizado, como vimos, isto é, movido a forças que não as humanas) foi
instalado num prédio de Nova Iorque em 1889, mas Elisha Graves Otis apresentou
o primeiro sistema de segurança em 1853, mostrando-o definitivamente quatro
anos mais tarde, segundo a Internet. Otis, americano, nasceu em 1811 e viveu
até 1861, apenas 50 anos entre datas, mas fez uma coisa extraordinária.
Para ter uma idéia
do que foi, tire todos os elevadores que existam em quaisquer prédios, sejam os
de cargas (tudo subindo com grande dificuldade alternativamente pelas escadas),
sejam os de passageiros. Os prédios não poderiam passar de cinco andares. Roma
inventou o cimento e já erguia prédios de oito andares (muitos caíam, eram dos
pobres e miseráveis, cortiços horríveis, os ricos e médios-altos não se
importavam), mas não pôde ir adiante justamente em razão da falta de
elevadores. Saia pelas cidades cancelando todos os prédios de seis ou mais
andares e tudo que vá com ajuda de máquinas para cima, pesos incríveis movidos
pela força automática.
Então teremos idéia
mais ou menos completa da importância de Otis e de como todos nós, morando ou
não em apartamentos acima dessa altura, somos devedores de sua imaginação e
empenho. Claro, não fosse ele poderia ter sido outro, mas se pensarmos assim
que dívidas teríamos com quaisquer uns? Ademais, teria mesmo sido outro? Se é
fácil pensar as soluções, por quê tão poucos as pensam? DEPOIS que Colombo
colocou o ovo em pé qualquer um conseguia pensar isso. DEPOIS que inventaram o
post-it surgiram muitos inventores de papéis com cola. Depois de morta a onça
surge sempre um monte de corajosos para mijar nela.
Otis reinventou a
geografia do mundo humano e reconfigurou toda a psicologia.
Enfim, cadê a
estátua de Otis? Cadê o museu dele?
Vitória, quarta-feira,
25 de junho de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário