Simples Objetos,
Complexos Processos
No livro citado
Feymann diz, página 44: “A lei é complicada nas suas manifestações, mas o
esquema básico, o princípio por trás de tudo, é simples”.
Vamos separar os
elementos.
O que é simples, o
que é complexo?
PARA FEYMANN
1. Simples é a lei (o esquema básico por
trás de tudo);
2. Complexas são suas manifestações.
PARA
O MODELO
1. O objeto é simples, porque é unitário,
é forma, é superfície, é monólito – como um tijolo;
2. A liberdade é complexa, porque implica
a junção de muitos objetos de vários modos – como uma construção feita de
tijolos. A colocação de muitos simples tijolos de variados modos implica
complexas casas, diferentíssimas.
A casa é simples, já que é uma só, mas
quando se juntam várias delas fica complicado, dentro do princípio de Koestler
do hólon (do grego holo, todo, e on, parte) que chamei no modelo PARTODO ou
TODOPARTE: o simples tem dentro de si o complexo; vários complexos vão formar
no nível imediatamente superior um simples, e assim sucessivamente.
Quase nada é em si mesmo simples ou
complexo, QUASE TUDO é trânsito, exceto Deus/Natureza, Ele/Ela, ELI, que é
autoexplicativo, o que contém e o que é contido, simplexo, por definição. Se
não podemos mesmo ver o simplexo, pelo menos podemos nos referir à perspectiva
dele.
A lei é simples, mas a Lei (em
maiúscula conjunto ou família ou grupo de leis) é complexa. O Esquema por Trás de Tudo é o chamado
Plano da Criação, ou Desenho de Mundo, como prefiro dizer, e é
extraordinariamente complexo (a ponto de só Deus, na Tela Final, ser capaz de
compreendê-lo em sua totalidade). Embora a lei-tijolo seja simples, a lei-casa
é complexa; ou seja, a lei também se abre nas duas extremidades. O tijolo é
simples perante a casa, mas no seu interior turbilhonam átomos.
Os tijolos, que são objetos, são
simples, mas o processo de colocação de muitos deles é complexo. Então temos
OBJETOS e PROCESSOS nos processobjetos e MÁQUINAS e PROGRAMAS nos
programáquinas. Máquinas são simples, programas são complexos. Resulta que os
processobjetos são simplexos (mas a simplexidade deles só é demonstrada na Tela
Final, por Deus, em salto não-finito). Vemos que é uma transição, um trânsito,
um caminho, uma seqüência, saltando-se níveis.
Não podemos afirmar senão em erro,
como fez Feymann, que as coisas sejam simples ou complexas. Embora um processo
seja complexo, quando embutido noutro ainda maior como subprograma ele se torna
simples para o desenhista, que o tem como trivial. Ao falar devemos ter essa
perspectiva aguda, essa precaução bem estabelecida, esse cuidado, essa postura
meticulosa, sob pena de passarmos uma visão errada de mundo, gerando polêmicas.
Um navio é simples, visto de fora, mas
é complexo visto de dentro; seus motores são simples, em relação a ele, mas
complexos quando procuramos entendê-los. E assim por diante.
Vitória, quarta-feira, 19 de março de
2003.
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