terça-feira, 7 de fevereiro de 2017


Simples Objetos, Complexos Processos

 

                            No livro citado Feymann diz, página 44: “A lei é complicada nas suas manifestações, mas o esquema básico, o princípio por trás de tudo, é simples”.

                            Vamos separar os elementos.

                            O que é simples, o que é complexo?

                            PARA FEYMANN

1.       Simples é a lei (o esquema básico por trás de tudo);

2.      Complexas são suas manifestações.

PARA O MODELO

1.       O objeto é simples, porque é unitário, é forma, é superfície, é monólito – como um tijolo;

2.      A liberdade é complexa, porque implica a junção de muitos objetos de vários modos – como uma construção feita de tijolos. A colocação de muitos simples tijolos de variados modos implica complexas casas, diferentíssimas.

A casa é simples, já que é uma só, mas quando se juntam várias delas fica complicado, dentro do princípio de Koestler do hólon (do grego holo, todo, e on, parte) que chamei no modelo PARTODO ou TODOPARTE: o simples tem dentro de si o complexo; vários complexos vão formar no nível imediatamente superior um simples, e assim sucessivamente.

Quase nada é em si mesmo simples ou complexo, QUASE TUDO é trânsito, exceto Deus/Natureza, Ele/Ela, ELI, que é autoexplicativo, o que contém e o que é contido, simplexo, por definição. Se não podemos mesmo ver o simplexo, pelo menos podemos nos referir à perspectiva dele.

A lei é simples, mas a Lei (em maiúscula conjunto ou família ou grupo de leis) é complexa. O Esquema por Trás de Tudo é o chamado Plano da Criação, ou Desenho de Mundo, como prefiro dizer, e é extraordinariamente complexo (a ponto de só Deus, na Tela Final, ser capaz de compreendê-lo em sua totalidade). Embora a lei-tijolo seja simples, a lei-casa é complexa; ou seja, a lei também se abre nas duas extremidades. O tijolo é simples perante a casa, mas no seu interior turbilhonam átomos.

Os tijolos, que são objetos, são simples, mas o processo de colocação de muitos deles é complexo. Então temos OBJETOS e PROCESSOS nos processobjetos e MÁQUINAS e PROGRAMAS nos programáquinas. Máquinas são simples, programas são complexos. Resulta que os processobjetos são simplexos (mas a simplexidade deles só é demonstrada na Tela Final, por Deus, em salto não-finito). Vemos que é uma transição, um trânsito, um caminho, uma seqüência, saltando-se níveis.

Não podemos afirmar senão em erro, como fez Feymann, que as coisas sejam simples ou complexas. Embora um processo seja complexo, quando embutido noutro ainda maior como subprograma ele se torna simples para o desenhista, que o tem como trivial. Ao falar devemos ter essa perspectiva aguda, essa precaução bem estabelecida, esse cuidado, essa postura meticulosa, sob pena de passarmos uma visão errada de mundo, gerando polêmicas.

Um navio é simples, visto de fora, mas é complexo visto de dentro; seus motores são simples, em relação a ele, mas complexos quando procuramos entendê-los. E assim por diante.

Vitória, quarta-feira, 19 de março de 2003.

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