segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


Doação

 

                            Que é que faz pai e mãe se doarem durante uma vida inteira?

                            Porque, do ponto de vista do egoísmo, da defesa intransigente de si, não faria sentido não apenas dar de comer, de beber, de vestir, proteção, carinho, educação, nem um átimo, quanto mais renegar o alimentar a si pelos outros, como tantas vezes se vê na renúncia dos desejos e objetos em favor dos rebentos.

                            Que é que, começando lá pelo físico/químico como tendência se fixa no biológico/p.2 e acaba por estabelecer-se firmemente como exigência no psicológico/p.3? Como é que se dá essa físico-química, essa química? Como, em que órgãos estão fixadas as necessidades, enquanto recompensa biológica/p.2? Que recompensas a Academia não estudou e são as sustentações do viver e progredir humanos? Porque são átomos, são moléculas, são replicadores, são células, são órgãos, são corpomentes formestruturados para tais processos - só para não recuar até o começo mesmo.

                            Não basta dizer que é o amor, porque o amor tem uma base físico/química também, e necessita de explicação em todo o Conhecimento (amor mágico/artístico, amor teológico/religioso, amor filosófico/ideológico, amor científico/técnico e amor matemático). Há que explicar por quê o ser sai de si para ser o outro, os interesses do outro, filho e filha. Por quê meu pai e minha mãe se doaram até o último minuto de suas vidas? E assim como eles tantos bilhões, através da geo-história humana?

                            Claro, não basta como explicação dizer que se não tivesse sido assim não haveria humanidade, porque isso vem depois do fato.

                            Naturalmente, essa é fundamental linha de pesquisa.

                            Vitória, terça-feira, 24 de junho de 2003.

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