sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017


Sonho Exterior

 

                        Indivíduos sonham, todos nós sonhamos. Muito tardiamente, na Rede Cognata (veja Rede e Grade Signalíticas, Livro 2) vi que sonho = PLANO e sonhando = PLANEANDO.

                        Entrementes, como sonhamos os demais conjuntos? Como sonham as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundos)?

                        Então, relendo Joseph Campbell e Bill Moyers, O Poder do Mito, São Paulo, Palas Athena, 1990, p. 4, deparei com isto: “MOYERS – Quer dizer que contamos histórias para tentar entrar em acordo com o mundo, para harmonizar vidas com a realidade? ” A conjunção de sonhar = PLANEAR = PENSAR, etc., com a harmonização com a realidade me projetou em direção e sentido da compreensão de que AS TECNARTES (DA VISÃO: pintura, desenho, fotografia, moda, dança, poesia, prosa, etc.; DO PALADAR: comida, bebida, pasta, tempero, etc.; DOS OLFATO: perfumaria, etc.; DA AUDIÇÃO: música, discurso, etc.; DO TATO: cinema, teatro, arquiengenharia, urbanismo, paisagismo/jardinagem, decoração, tapeçaria, esculturação, etc.) SÃO SONHOS EXTERIORES, sonhos dos coletivos, dos conjuntos.

                        As artes são como a sociedade (do povo), a civilização (das elites) e a cultura (do povelite/nação) sonham.

                        Os livros de prosa e de poesia, as músicas, as peças de teatro, os filmes de cinema (e TV e vídeo), as pinturas são retratos de nossos sonhos coletivos; ou de nossos pesadelos. Se existe um corpomente coletivo, para cada conjunto, cada conjunto entra também no torpor do sonho, do planear. Se isso acontecer farei aquilo. Há também um inconsciente coletivo (em sentido diferente do junguiano), um consciente e um superconsciente, respectivamente ID, EGO e SUPEREGO coletivos. Investigar esses planeamentos ou planejamentos conjuntos tornou-se fundamental, pois ali estão representadas nossas almas, tanto pessoais quanto ambientais.

                        Um livro de Nabokov é o retrato de nosso sonho coletivo, assim como a poesia de Drumond, ou Os Lusíadas, de Camões. As séries de TV são, pela presença e pela ausência, pelos excessos e pelas faltas, retratos do nosso querer coletivo, e quanto mais são assistidas mais denunciam as necessidades.

                        Vitória, domingo, 1 de junho de 2003.

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