Sonho Exterior
Indivíduos sonham, todos
nós sonhamos. Muito tardiamente, na Rede Cognata (veja Rede e Grade Signalíticas, Livro 2) vi que sonho = PLANO e sonhando
= PLANEANDO.
Entrementes, como
sonhamos os demais conjuntos? Como sonham as PESSOAS (indivíduos, famílias,
grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e
mundos)?
Então, relendo Joseph
Campbell e Bill Moyers, O Poder do Mito,
São Paulo, Palas Athena, 1990, p. 4, deparei com isto: “MOYERS – Quer dizer que
contamos histórias para tentar entrar em acordo com o mundo, para harmonizar
vidas com a realidade? ” A conjunção de sonhar = PLANEAR = PENSAR, etc., com a
harmonização com a realidade me projetou em direção e sentido da compreensão de
que AS TECNARTES (DA VISÃO: pintura, desenho, fotografia, moda, dança, poesia,
prosa, etc.; DO PALADAR: comida, bebida, pasta, tempero, etc.; DOS OLFATO:
perfumaria, etc.; DA AUDIÇÃO: música, discurso, etc.; DO TATO: cinema, teatro,
arquiengenharia, urbanismo, paisagismo/jardinagem, decoração, tapeçaria,
esculturação, etc.) SÃO SONHOS EXTERIORES, sonhos dos coletivos, dos conjuntos.
As artes são como a sociedade (do povo), a
civilização (das elites) e a cultura (do povelite/nação) sonham.
Os livros de prosa e de
poesia, as músicas, as peças de teatro, os filmes de cinema (e TV e vídeo), as
pinturas são retratos de nossos sonhos coletivos; ou de nossos pesadelos. Se
existe um corpomente coletivo, para cada conjunto, cada conjunto entra também no
torpor do sonho, do planear. Se isso acontecer farei aquilo. Há também um
inconsciente coletivo (em sentido diferente do junguiano), um consciente e um
superconsciente, respectivamente ID, EGO e SUPEREGO coletivos. Investigar esses
planeamentos ou planejamentos conjuntos tornou-se fundamental, pois ali estão
representadas nossas almas, tanto pessoais quanto ambientais.
Um livro de Nabokov é o
retrato de nosso sonho coletivo, assim como a poesia de Drumond, ou Os Lusíadas, de Camões. As séries de TV
são, pela presença e pela ausência, pelos excessos e pelas faltas, retratos do
nosso querer coletivo, e quanto mais são assistidas mais denunciam as
necessidades.
Vitória, domingo, 1 de
junho de 2003.
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