Sustentando os Vícios
dos Artistas
Durante um tempo os
artistas fumavam e quase todos, por gosto ou imitação, fumavam também. Contemporânea
dessa tendência foi o consumo exagerado de bebidas, com fileiras e fileiras
deles e delas, atores e atrizes, e diretores (na ocasião os diretores eram em
número quase insignificante) consumindo desbragadamente nos filmes e na
realidade. Depois foi a mania da maconha, a seguir a cocaína, as roupas, as
jóias, todos tipo de desejo verdadeiro dos artistas ou dos personagens que interpretavam
em seus filmes, com figurinos ou gestos sempre imitadíssimos, em toda a mídia
(Tv, Revista, Jornal, Livro, Rádio e agora Internet).
E onde vão parar
todos esses vícios senão nos corpos e nas mentes dos que assistem, ouvem, lêem?
Saem das telas e vão se alojar nos corpos e nos cérebros dos telespectadores
das novelas de TV. Como a soma é zero, ao lado do positivo que pegamos vem o
negativo. Assim, à comilança do cinema seguiu-se a comilança na chamada “vida
real”, a vida, enfim.
Aqueles e aquelas
lá, dentro e fora das telas, passaram-nos uma quantidade inominável de vícios,
desde os brandos e tratáveis até os incrustados e intratáveis, que se alojaram
fundo em nossas almas. O custo disso para as PESSOAS (indivíduos, famílias,
grupos e empresas) e para os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e
mundo) foi gigantesco, inavaliável.
Quem poderá avaliar
o custo geral, coletivo, dos vícios que nos foram passados pela indústria do
entretenimento? Quantos, achando bonitinho imitar o gestual de seus artistas
prediletos não sofreram de câncer de pulmão em virtude do sobreconsumo de
cigarros?
Eles deveriam ser
capazes de refletir sobre isso, depurando os filmes, exceto quando se tratasse
mesmo de representação histórica fiel, não-caricata, pois o passivo é muito
alto. A diversão deve andar passo a passo com a dignidade das gentes e a
retração das despesas. Muito de uma coisa, exagero dela, só pode resultar em
dano.
Vitória, sábado, 14
de junho de 2003.
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