terça-feira, 28 de fevereiro de 2017


O Tamanho de Diana

 

                            No mesmo livro de Marcelo Duarte, p. 456, ele diz:

                            No final de 1991, o guarda-roupa da princesa Diana, da Inglaterra, tinha 350 pares de sapatos, 141 chapéus, 71 blusas, 95 vestidos de noite, 176 vestidos, 178 conjuntos, 54 sobretudos, 29 saias, 25 calças, 29 jaquetas e duzentas bolsas”.

                            Veja de quanta coisa a Senhora Diana, Lady Di, precisava para se sentir bonita e atraente - quanta camuflagem, quanto disfarce, quanto artifício, quanto distanciamento. Pois aquilo que colocamos entre nós e as pessoas, fora a utilidade da proteção contra o frio e as intempéries, é um empurrão de “afaste-se”, não se aproxime, sobre ser também um chamado, assim como o contar piadas (como faço) é uma maneira de não tocar nos assuntos sérios com quem não deva ouvi-los ou esteja de momento apartado (a).

                            Não só Diana, mas Imelda Marcos, Cláudia Raia, a rainha Elizabeth I, Maria de Médicis e inumeráveis outras mulheres (para não falar dos homens) necessitavam e necessitam desses enchimentos, dessas couraças, desses escudos psicológicos, desses artifícios formais, o que é algo a investigar, inclusive em que sociedades/civilizações/culturas tais procedimentos são mais constantes. Mas muitas ficaram apenas nisso, não se tornaram grandes.

                            Acontece que Diana (Diana Frances Spencer, filha do visconde de Althorp, depois princesa de Gales, 1961 a 1997) sofreu barbaramente nas mãos do que denominei Príncipe Tampax (ele disse que queria ser o tampax de Camila não-sei-das-quantas), o Charles de triste memória, tentando várias vezes o suicídio, se erguendo, não obstante, para prestar serviço às populações, doando sua popularidade às causas dos abandonados pela burguesia. Desde quando se divorciou e passou a sair com homens, era bem previsível que aconteceria algo com ela – a realeza não perdoa.

                            Teve essa dignidade de sair de si.

                            Quem poderia ter sido uma personalidade bem triste e egoísta soube se elevar acima do nível no qual nasceu.

                            Vitória, quarta-feira, 25 de junho de 2003.

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