Nova Dignidade
Desde as décadas dos
1940 e 1950 nos EUA, depois na Europa, e desde a década dos 1990 para frente no
Brasil as pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e mesmo os ambientes
(municípios/cidades, estados, nações e mundo) estão apresentando um novo traço,
uma dignidade, uma postura que era desconhecida antes.
Essa fineza, esse
comportamento mais altivo, mais nobre, era antes raríssimo, ao passo que agora
está se tornando freqüente, depurando-se que estão algumas pessoas da indignidade
dos excessos, especialmente nas classes médias – vivendo com mais simplicidade,
apesar do apuro maior. Podendo dispor com fartura de alimentos e bebidas,
pastas e temperos, aportes psicológicos de maior vulto, as pessoas
desvestiram-se de suas gulas anteriores e comportam-se agora com certo
distanciamento em relação à angústia da fome.
Cabelos bem cortados
nas mulheres, barba feita nos homens, todos bem vestidos, gestos menos
assombrados, tudo isso a par de uma nova fúria do outro lado, pois a soma é zero.
Passo a passo com a disseminação das drogas, da corrupção, dos crimes, da
violência mostrada em toda parte, da propagação pública do homossexualismo, o
outro lado da moeda porta-se com essa consciência do próprio valor, essa honra
desconhecida antes, com essa autoridade, essa gravidade, essa decência, esse
decoro extraordinário – um fenômeno que a Academia está longe de ter notado. Não só não a notou como não a expressou,
claro, passou bem distante mesmo, preocupou-se com miudezas. Não reparou nos
traços que, no entanto, estão presentes em toda parte, em toda a mídia,
especialmente na TV e no Cinema.
Como pôde se dar que
tal fenômeno viesse acontecendo desde os 1940, por mais de 60 anos, sem que a
mídia inteira, que não se dedica a estudar, e a Academia, que deveria fazê-lo,
tivessem notado? Não se manifesta na gente um risinho sarcástico, de mofa
mesmo? Manifesta-se, sim, e é bem gostoso ver que os orgulhosos não repararam,
passaram do lado sem enxergar.
Vitória,
terça-feira, 24 de junho de 2003.
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