sábado, 25 de fevereiro de 2017


Eça

 

                            Eça de Queirós (José Maria de, português, 1845 a 1900) foi um dos grandes escritores do mundo, de uma finura, de uma sensibilidade expressiva gigantesca, como tantos em Portugal, a começar de Luís de Camões (1524/5 a 1580) e Fernando Pessoa (1888 a 1935, apenas 47 anos entre datas). É preciso fazer urgentemente filmes sobre as vidas deles.

                            Infelizmente Portugal decaiu depois dos descobrimentos e seus autores não foram tão ressaltados quanto mereciam e merecem.

                            Escreveu inúmeros livros, que meus irmãos compraram e deixaram na casa do meu pai e da minha mãe. Li quase todos. São deliciosos, guardado o tempo, e de uma dulcíssima preciosidade lingüística. É como uma cachaça que desce na garganta sem ferir, redondinha, ou o primeiro copo de cerveja depois de uma longa sede. Têm sido filmados vários de seus livros no Brasil e agora saiu no México O Crime do Padre Amaro, causando certa celeuma.

                            Infelizmente não o filmaram o suficiente. Brasil e Portugal e como observadores os lusófonos que não dispõe de recursos deveriam financiar amplamente a filmagem de seus livros, como repositório de cultura, com aportes substanciais das empresas e todos os ambientes que pudessem (municípios/cidades, estados, nações e mundo) se cotizar. Depõe contra o mundo e especialmente contra o Brasil e Portugal não ter isso sido feito no passado, preferindo-se tanta porcaria inexpressiva. Não é fácil perceber a grandeza porque se deve igualmente ser grande.

                            Ainda há tempo para honrar Eça e seu esforço de ampliar nossa humanidade. Se O Crime do Padre Amaro causa furor agora, imagine em 1875, quando foi publicado, há mais de 125 anos. Tendo vivido de 1889 (desde os 34 anos) em diante em Paris como cônsul na França, pôde observar uma, e viver numa, civilização muito mais florescente, centro cultural do mundo de então.

                            Enfim, Eça é uma grande figura, injustamente deixada de lado por nações ingratas de sua cultura.

                            Que reparem o erro clamoroso.

                            Vitória, sábado, 14 de junho de 2003.

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