sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017


A Dívida do Japão

 

                        No livro citado de Samuelson (7ª edição no Brasil em 1973), p. 10, ele diz: “ (...) e observe a história de sucesso do Japão no seu século de contato com o mundo moderno”.

                        Note que o PIB do Japão é hoje o segundo do mundo (US$ 4,3 trilhões em 1999 para 127,3 milhões de habitantes em 2001, segundo o Almanaque Abril, postos em 372,8 mil km2, dos quais sei que 60 % ou mais florestados, sobrando menos de 150 mil km2 para todos os usos).

                        Apenas em 1868 houve a Restauração Meiji, quando o imperador (tenno) Mutsuhito instalou-se plenamente no poder, até então tomado pelos Senhores da Guerra locais, os xoguns. Em 1894, apenas 26 anos depois, o Japão já entrava na guerra contra a China (Guerra Sino-Japonesa), vencendo-a em 1895. Era um poder oriental, ainda que respeitável, mas envelhecido. Entretanto, em 1904, decorridos 36 anos da Restauração, lançou-se à guerra contra a Rússia, que era ocidental (embora com distantes possessões orientais), vencendo-a em 1905.

                        Em 1939, decorridos 71 anos, o Japão entrou na guerra contra o Ocidente, ao lado da Alemanha e da Itália, avançando para dominar e tomar todo o Oriente, salvo a Austrália e a Índia, onde estava a Grã-Bretanha. Em 1941 teve a audácia de atacar os EUA, em Pearl Habor (A Pérola do Pacífico), no Havaí, sendo a partir de 1942 rechaçado pelos Estados Unidos e detido finalmente pelas duas bombas.

                        O Japão antes, como a China agora, copiou abertamente o Ocidente, a partir das patentes, absorvendo como uma esponja todo o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral julgado útil por ele, passando então a criar, inclusive a base para a solução do Último Teorema de Fermat.

                        Então, de fato, em 100 anos, um século, de 1868 a 1968, o Japão tinha amadurecido totalmente, passando de país completamente feudal a inteiramente contemporanizado, sendo agora uma das principais nações do planeta, evidentemente com extraordinário esforço de seu povo.

                        Contudo, está bem claro que o Japão é devedor.

                        E ele, é claro, modestamente reconhece isso. Não é ruim ser devedor, eu mesmo o sou, embora quando não-metaforicamente seja um pouco assombrante. É aconselhável o dever de gratidão, que mostrada representa a nobreza d’álma. Os ingratos são, junto com os insetos que nos enjoam, a sujeira, a covardia e outros índices de falha, um dos grandes desconfortos do mundo.
                        Vitória, sábado, 14 de junho de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário