segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


Nova Vida

 

                            No livro de Asimov, p. 242/3, ele diz:

                            “Além de liberar espaço para os homens na Terra, as colônias espaciais emprestariam uma variedade adicional às culturas humanas. Cada colônia pode muito bem ter seu próprio meio de vida, alguns muito diferentes da norma geral. Possivelmente, cada colônia teria seu próprio estilo de vestuário, música, arte, literatura, sexo, vida familiar, religião e assim por diante. As opções para a criatividade em geral, e para o avanço científico em particular, seriam infinitas”.

                            Vamos analisar a questão da liberação de espaço.

                            Mesmo que o custo energético e financeiro de levar (e estabelecer) gente ao (e no) espaço exterior melhorasse por um fator de mil, isso não significaria acomodar mais que alguns milhões, contando com progressão exponencial na melhoria da tecnociência. Agora, com uma socioeconomia superpoderosa, diferente desta, ainda seriam apenas alguns milhões de seres humanos, não mais que isso. Acontece que, tendo agora 6,2 bilhões de pessoas, e mesmo contando crescimento de apenas um porcento (estamos longe disso, na média devemos estar no dobro, que façam o cálculo), isso significaria acrescentar SESSENTA MILHÕES (60 milhões) A CADA ANO. A menos que as taxas decresçam para perto de zero não há saída para o crescimento demográfico na Terra. NÃO HAVERÁ LIBERAÇÃO de espaço interno que dê jeito. Dez anos passam rápido e isso significaria 10 x 60 = 600 milhões de moradores a mais na Terra, enquanto para assentar APENAS UM MILHÃO levaríamos, quem sabe, três décadas, e nisso já seriam 1.800 milhões.

                            Por aí não vai.

                            Depois, quanto às novas vidas, vejamos.

                            Em relação ao Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral novo, aí sim, haveria muito a dizer, especialmente na expressão das novas tecnartes do corpomente espacial. A seguir, as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundos) variariam tremendamente, sem dúvida alguma, mesmo se não pensarmos nos novos-seres, vá ler os textos próprios.

                            Todo um novo dicionárienciclopédico, toda uma nova Psicologia (novas figuras ou psicanálises, novos objetivos ou psico-sínteses, novas produções ou economias, novas organizações ou sociologias, novos espaçotempos ou geo-histórias), novas Economias (nova agropecuária e novo extrativismo, novas indústrias, novo comércio, novos serviços, novos bancos), sem dúvida alguma, uma variedade realmente apavorante, até.

                            Aí sim, há lugar para espraiar nossa mente em tremendíssimos exercícios de fantasia e ficção científica. Poderíamos fazer essa tarefa de imaginar as variações possíveis e imagináveis, prestando atenção aos conceitos na produção das formas, sem ir muito longe da segurança tecnocientífica, mais ou menos seguindo a precaução de Arthur Clarke, quando faz sua FC.

                            Mesmo sendo só uns poucos milhões lá fora eles poderiam produzir recursos equivalentes ao de várias nações na Terra, devido à sua necessariamente avançadíssima tecnociência e Conhecimento. Isso vale filmes e séries de TV. Agora, com certeza a liberação de espaço é pura bobagem. Mais conseguiríamos reduzindo o crescimento a meio porcento do que com qualquer imaginável programa espacial. Até um decréscimo do crescimento, para somente 0,5 % ao ano já teria um significado em 2050, freando e adiante baixando de novo aos atuais seis bilhões em 2100 e a três bilhões ou menos em 2150 na superfície do planeta, através da simples aceitação da redução quantitativa interna, transferindo a expansão para fora, a partir da gente que tivesse ido para lá inicialmente, como já sugeri.

                            Vitória, domingo, 22 de junho de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário