Nova Vida
No livro de Asimov,
p. 242/3, ele diz:
“Além de liberar
espaço para os homens na Terra, as colônias espaciais emprestariam uma
variedade adicional às culturas humanas. Cada colônia pode muito bem ter seu
próprio meio de vida, alguns muito diferentes da norma geral. Possivelmente,
cada colônia teria seu próprio estilo de vestuário, música, arte, literatura,
sexo, vida familiar, religião e assim por diante. As opções para a criatividade
em geral, e para o avanço científico em particular, seriam infinitas”.
Vamos analisar a
questão da liberação de espaço.
Mesmo que o custo
energético e financeiro de levar (e estabelecer) gente ao (e no) espaço
exterior melhorasse por um fator de mil, isso não significaria acomodar mais
que alguns milhões, contando com progressão exponencial na melhoria da
tecnociência. Agora, com uma socioeconomia superpoderosa, diferente desta,
ainda seriam apenas alguns milhões de seres humanos, não mais que isso.
Acontece que, tendo agora 6,2 bilhões de pessoas, e mesmo contando crescimento
de apenas um porcento (estamos longe disso, na média devemos estar no dobro,
que façam o cálculo), isso significaria acrescentar SESSENTA MILHÕES (60
milhões) A CADA ANO. A menos que as taxas decresçam para perto de zero não há
saída para o crescimento demográfico na Terra. NÃO HAVERÁ LIBERAÇÃO de espaço
interno que dê jeito. Dez anos passam rápido e isso significaria 10 x 60 = 600
milhões de moradores a mais na Terra, enquanto para assentar APENAS UM MILHÃO
levaríamos, quem sabe, três décadas, e nisso já seriam 1.800 milhões.
Por aí não vai.
Depois, quanto às
novas vidas, vejamos.
Em relação ao
Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática) geral novo, aí sim, haveria muito a dizer, especialmente
na expressão das novas tecnartes do corpomente espacial. A seguir, as pessoas
(indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os ambientes (municípios/cidades,
estados, nações e mundos) variariam tremendamente, sem dúvida alguma, mesmo se
não pensarmos nos novos-seres, vá ler os textos próprios.
Todo um novo
dicionárienciclopédico, toda uma nova Psicologia (novas figuras ou
psicanálises, novos objetivos ou psico-sínteses, novas produções ou economias,
novas organizações ou sociologias, novos espaçotempos ou geo-histórias), novas
Economias (nova agropecuária e novo extrativismo, novas indústrias, novo
comércio, novos serviços, novos bancos), sem dúvida alguma, uma variedade
realmente apavorante, até.
Aí sim, há lugar
para espraiar nossa mente em tremendíssimos exercícios de fantasia e ficção
científica. Poderíamos fazer essa tarefa de imaginar as variações possíveis e
imagináveis, prestando atenção aos conceitos na produção das formas, sem ir
muito longe da segurança tecnocientífica, mais ou menos seguindo a precaução de
Arthur Clarke, quando faz sua FC.
Mesmo sendo só uns
poucos milhões lá fora eles poderiam produzir recursos equivalentes ao de
várias nações na Terra, devido à sua necessariamente avançadíssima tecnociência
e Conhecimento. Isso vale filmes e séries de TV. Agora, com certeza a liberação
de espaço é pura bobagem. Mais conseguiríamos reduzindo o crescimento a meio
porcento do que com qualquer imaginável programa espacial. Até um decréscimo do
crescimento, para somente 0,5 % ao ano já teria um significado em 2050, freando
e adiante baixando de novo aos atuais seis bilhões em 2100 e a três bilhões ou
menos em 2150 na superfície do planeta, através da simples aceitação da redução
quantitativa interna, transferindo a expansão para fora, a partir da gente que
tivesse ido para lá inicialmente, como já sugeri.
Vitória, domingo, 22
de junho de 2003.
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