domingo, 26 de fevereiro de 2017


Povelite de Alto Rendimento

 

                            Vi na TV da padaria matéria do Jornal do Campo, da Rede Globo, que a cinco minutos de carro nos arredores de Nuremberg (1,2 milhão de habitantes), Alemanha, vivem Tânia e Peter, possuidores de dois hectares (apenas 20 mil m2), onde por ano retiram seis milhões de reais com ervas de cheiro e temperos. No inverno as estufas superaparelhadas com programáquinas (máquinas controladas por computadores), ocupando apenas 0,5 hectare (5 mil m2) funcionam a todo vapor. Eles se apresentam na Feira Orgânica de Nuremberg.

                            Isso é a culminância de um acordo entre povo e elites no sentido de rendimento mútuo. Muito longe estão dos tempos de maior exploração, daquela faixa em que se situam ainda o Brasil e tantos outros países. A Academia deveria analisar todos os AMBIENTES (mundo, nações, estados, municípios/cidades) e até as PESSOAS (empresas, grupos, famílias e indivíduos) para buscar os conjuntos de maior rendimento. Isso interessa sobremaneira: o que fazem os conjuntos que conseguem maior produtividade por unidade de espaçotempo? Como os conjuntos evoluíram para a adoção dos programáquinas como apontadores dessa produtividade maior? Que gênero de P/M compram? Quanto custam? Que distâncias guardam aqueles povelites mais adiantados destes outros que somos nós na Latinamérica?

                            Por quê as elites daqui dobraram sua participação (de 1 % para 0,6 % se apoderando do mesmo percentual do PIB – progressão durante uma década), em total desrespeito ao povo brasileiro? Que custo teremos de pagar no futuro por essa audácia de classe? Como é que ricos e médios-altos procedem para manter a trela em volta de nossos pescoços? Qual a razão de não copiarem os estrangeiros, muito mais produtivos, liberando o povo para maior participação das rendas?

                            Olhando esse tipo de projeto da Tânia e do Peter (ela agricultura, ele mecânico – três filhos) poderemos entender melhor a avacalhação que é o Brasil atual.

                            Vitória, domingo, 08 de junho de 2003.

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