Povelite de Alto
Rendimento
Vi na TV da padaria
matéria do Jornal do Campo, da Rede
Globo, que a cinco minutos de carro nos arredores de Nuremberg (1,2 milhão de
habitantes), Alemanha, vivem Tânia e Peter, possuidores de dois hectares
(apenas 20 mil m2), onde por ano retiram seis milhões de reais com
ervas de cheiro e temperos. No inverno as estufas superaparelhadas com
programáquinas (máquinas controladas por computadores), ocupando apenas 0,5
hectare (5 mil m2) funcionam a todo vapor. Eles se apresentam na
Feira Orgânica de Nuremberg.
Isso é a culminância
de um acordo entre povo e elites no sentido de rendimento mútuo. Muito longe
estão dos tempos de maior exploração, daquela faixa em que se situam ainda o
Brasil e tantos outros países. A Academia deveria analisar todos os AMBIENTES
(mundo, nações, estados, municípios/cidades) e até as PESSOAS (empresas,
grupos, famílias e indivíduos) para buscar os conjuntos de maior rendimento.
Isso interessa sobremaneira: o que fazem os conjuntos que conseguem maior
produtividade por unidade de espaçotempo? Como os conjuntos evoluíram para a
adoção dos programáquinas como apontadores dessa produtividade maior? Que
gênero de P/M compram? Quanto custam? Que distâncias guardam aqueles povelites
mais adiantados destes outros que somos nós na Latinamérica?
Por quê as elites
daqui dobraram sua participação (de 1 % para 0,6 % se apoderando do mesmo
percentual do PIB – progressão durante uma década), em total desrespeito ao
povo brasileiro? Que custo teremos de pagar no futuro por essa audácia de
classe? Como é que ricos e médios-altos procedem para manter a trela em volta
de nossos pescoços? Qual a razão de não copiarem os estrangeiros, muito mais
produtivos, liberando o povo para maior participação das rendas?
Olhando esse tipo de
projeto da Tânia e do Peter (ela agricultura, ele mecânico – três filhos)
poderemos entender melhor a avacalhação que é o Brasil atual.
Vitória, domingo, 08
de junho de 2003.
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