terça-feira, 28 de fevereiro de 2017


Sita e Rama

 

                            A Barsa de papel (São Paulo, 1993), livro 13, páginas 175/6, falando do Ramayana, A Gesta de Rama, de 24 mil estrofes, composto pelos arianos lá por 500 a.C., diz:

                            “Os personagens centrais são Rama, protótipo do herói que tudo sacrifica pelo dever, e Sita, símbolo da fidelidade conjugal. O assunto é o amor entre os dois constituindo o pano de fundo a conquista da Ilha de Ceilão pelos arianos”.

                            Embora importante país, com um bilhão de habitantes, a Índia tem PIB (produto interno bruto) relativamente pequeno, de apenas algumas centenas de bilhões de dólares. Faz muitos filmes, mais de 700 por ano, e já fez do Ramayana, certamente, mas é coisa que na linha da mesopirâmide (PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos e empresas; AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações e mundo) ainda não atingiu a plenitude do olhar globalizado, mundial, internacional, que autorizaria mais profundos gozos e percepções, isto é, sentimentos e conceitualizações.

                            Filmado em grande estilo pela indústria cinematográfica mundial mostraria os meandros de uma sociedade/civilização/cultura que já se apresentava sofisticadíssima 2,5 mil anos atrás (a obra de Camões, Os Lusíadas, embora de importância igual ou superior, apresentou-se muito menor em tamanho dois mil anos mais tarde), quando se podiam compor romances extraordinários, já que o Ramayana é parte relativamente pequena do Mahabharata, o Grande Bharata.

                            Não é só que a Índia mereça essa atenção, é o Ocidente, é o mundo inteiro que o merece, não apenas do Ramayana, de Rama e Sita, mas de todo o Mahabharata, sucessivamente filmado e refilmado, até o detalhe. Sob direção Ocidental (para adequar ao gosto e à ignorância daqui, quanto à geo-história e Psicologia hindu e oriental em geral) os próprios hindus poderiam fazer os filmes, como obra total (mais coisas ainda), para manter o apuro das minúcias, no entanto menos locais sob sucessivos distanciamentos.

                            Vitória, segunda-feira, 23 de junho de 2003.

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