segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


A/nimais

 

                            No livro de Isaac Asimov, Civilizações Extraterrestres, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980 (sobre original americano de 1979), p. 19, ele diz:

                            “Contudo, lado a lado com esta antiga e primordial sensação de parentesco com animais (mesmo enquanto os caçamos ou escravizamos), existe, pelo menos no pensamento ocidental, a consciência de um fosso instransponível entre seres humanos e outros animais”, negrito e colorido meus.

                            Em 1979 ainda não havia principiado o Projeto Genoma Humano, de que Asimov (russo naturalizado americano, 1920 a 1992, por azar só 72 anos entre datas) foi, por sinal, grande divulgador e incentivador, pelo menos enquanto desejo de ver iniciado. Concluiu-se do PGH que em vez de 100 mil genes os seres humanos não têm mais que 27 mil e que em vez de 3 % de distância em relação aos chimpanzés há somente 0,4 %. O fosso não era tão intransponível assim, pelo raciocínio antigo. Mas, como já mostrei, aos chimpanzés foram acrescentadas as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo), de forma que os mais atrasados não precisam ficar com receio de serem alcançados por aqueles nossos parentes.

                            E é justamente isso: o ser humano não é um animal. Deixou de ser quando saltou o fosso e foi além dos primatas, lá para trás, quatro milhões de anos, com os primeiros hominídeos. Na Rede Cognata (veja Rede e Grade Signalíticas, Livro 2) animal = A/NIMAL (o sem-nome) = PRIMEIRO = SÓ = PRISIONEIRO = HOMEM = UM, etc. Nós não somos prisioneiros, temos livre arbítrio, que vem justamente com o crescimento da racionalidade, a expansão através da mesopirâmide mostrada acima.

                            Há um fosso intransponível, realmente, porque não somos mais animais, somos humanos, somos racionais, e a racionalidade é uma soma apenas principiada, sem qualquer final à vista.

                            Vitória, quarta-feira, 18 de junho de 2003.

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