sábado, 25 de fevereiro de 2017


Desejo e a Vontade, Limite do Fazer

 

Já vimos que desejo é de Deus, é instantâneo, imediato, realização plena e rápida, sem nada de intermediário, é a única liberdade que há, A Lei, O Verbo realizador; a vontade ou querer ou arbítrio vivo ou racional é mediata, é mediatizada pela necessidade, pela Natura, pela velocidade e o espaçotempo.

Para o desejo de Deus não há qualquer limite, quando deseja já é, não há tempo entre o desejar e o haver, há já, é o É-da-coisa de Clarice Lispector, que dizia, “a palavra mais importante da língua só tem uma letra, É”.

Do outro lado, o querer é essa confusão constante dos desacertos da Natura, o fazer incessante e insubsistente, desaparecente, para criar essa palavra, O QUE CONSTANTEMENTE DESAPARECE, degenera, finda, esvanece, morre, caduca, chega ao fim, declina, enferruja, torna-se obsoleto, decrépito, senil – o destino de todo objeto e toda vida é esse aparecer, existir, envelhecer, caducar, desaparecer irremediavelmente.

Há esse contraste insabível (outra palavra útil a criar, o que não se pode saber) entre a plenitude de Deus e a implenitude do racional, incompletude humilhante no que há de ruim e desafiadora no que há de bom, pois com pouco que tenha a Vida (arquea, fungos, plantas, animais e primatas) e a psicologia elas persistem, continuam a luta até o último instante, fora os fracos desistentes pelos quais não se pode ter apreço.

Mesmo lutando com tudo pouco, há que aplaudir o esforço desses que batalham, que permanecem haja o que houver.

Que graça maior pode haver para Deus que olhar os pequeninos em sua absurda e valente disputa com os fracos recursos disponíveis?

Vitória, sábado, 25 de fevereiro de 2017.

GAVA.

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