Tanta Gente Fala...
DA MÚSICA
|
Samba de Uma Nota Só
Eis aqui este sambinha feito numa nota só.
Outras notas vão entrar, mas a base é uma só. Esta outra é consequência do que acabo de dizer. Como eu sou a consequência inevitável de você. Quanta gente existe por aí que fala tanto e não diz nada, ou quase nada. Já me utilizei de toda a escala e no final não sobrou nada, Não deu em nada. E voltei pra minha nota como eu volto pra você. Vou contar com uma nota como eu gosto de você. E quem quer todas as notas: ré, mi, fá, sol, lá, si, dó. Fica sempre sem nenhuma, fique numa nota só.
Tom Jobim / Newton Mendonça
|
Eu mesmo falo muito, achei que para
transmitir como via o mundo precisava dessas tantas páginas. Com toda certeza,
falamos demais, o que podemos atinar tentando responder à pergunta de Caetano
Veloso: quem lê tanta notícia?
CAETANO
ANTECIPOU-SE
|
Alegria, Alegria
Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento No sol de quase dezembro Eu vou O sol se reparte em crimes, Espaçonaves, guerrilhas Em cardinales bonitas Eu vou Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bomba e brigitte bardot O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia Eu vou Por entre fotos e nomes Os olhos cheios de cores O peito cheio de amores vãos Eu vou Por que não, por que não Ela pensa em casamento E eu nunca mais fui à escola Sem lenço, sem documento, Eu vou Eu tomo uma coca-cola Ela pensa em casamento E uma canção me consola Eu vou Por entre fotos e nomes Sem livros e sem fuzil Sem fome sem telefone No coração do brasil Ela nem sabe até pensei Em cantar na televisão O sol é tão bonito Eu vou Sem lenço, sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo, amor Eu vou Por que não, por que não... |
UM
EXAGERO DE FALAÇÕES
|
TÉCNICA-ARTE
|
FRAÇÕES
|
TOTAL
|
INTERMEDIADAS PELA
MÍDIA.
|
|
Artes da AUDIÇÃO (2)
|
Músicas, discursos,
etc.
|
2
|
Revista, Jornal, Livro-Editoria, Internet,
Cinema, Rádio, TV como interfaces de transmissão.
|
|
Artes da VISÃO (9)
|
Poesia, prosa, pintura
(a dos corpos femininos fica aqui, como também tatuagens, mas não piercings),
desenho (inclusive caligrafia), fotografia, dança, moda, PAINÉIS (mosaicos,
vitrais), LABIRINTOS (jogos), etc.
|
11
|
|
|
Artes do OLFATO (1)
|
Perfumaria, etc.
|
12
|
|
|
Artes do PALADAR (4)
|
Comidas, bebidas,
pastas, temperos, etc.
|
16
|
|
|
Artes do TATO (10),
sentido central.
|
Arquiengenharia,
cinema, teatro, esculturação (inclusive ourivesaria; os piercings entram aqui
– não há porque não apelar aos outros sentidos, além da visão), decoração
(inclusive do corpo feminino, todo tipo de roupa, chapéu, sapatos, etc.),
paisagismo/jardinagem (TOPIARIA), urbanismo, tapeçaria (inclusive macramé),
PROPAGANDA (veja que eles não usam a totalidade dos sentidos, mas poderiam
fazê-lo, com grande proveito), TESSITURA (não há porque não apelar aos outros
sentidos, inclusive olfato com perfumes) etc.
|
26
|
Da falta passamos ao excesso, da seca à
tempestade de informações, ao que estão chamando de megadados, essa enxurrada
de palavras que ameaçam nos sufocar, a começar do onipresente celular, quando
antes mal tínhamos as linhas em casa e nos orelhões (agora os orelhudos são
outros). Já tentei coletar, não conseguir saber com facilidade na Web, alguém
mais esperto que faça a reunião de quantos são (livros o Projeto Gutenberg e o Google
Livros responderam que 150 milhões de tipos diferentes).
Sobre ser espantoso, é incapacitante.
Você poderia publicar qualquer coisa
espantosa e em alguns dias, talvez semanas cairia na trivialidade.
E há os assuntos pobres mesmo, porque há
gente demais falando.
Admirável hoje seria o silêncio de 80 ou 150
mil anos passados.
Vitória, sexta-feira, 16 de dezembro de 2016.
GAVA.





Nenhum comentário:
Postar um comentário