sexta-feira, 30 de dezembro de 2016


Formação Exponencial do Universo

 

                            Imagine isoladamente os carros.

                            Bastou Ford, Daimler e Benz terem-no tornado coisa prática em linhas de montagem há 120 anos para eles, enquanto invenções, darem saltos formidáveis. Seria interessante comparar os carros dos primeiros 10 anos com os dos últimos dez, peça a peça, por quantidade e qualidade, depois multiplicando os resultados, através de uma pontuação de 1 a 10, em vários quesitos, depois dividindo por um número conveniente, até obter uma cifra manipulável, perto de um (com o quê seria possível obter uma seqüência no tempo, para os 120 anos).

                            Ora, os carros, com suas velocidades muito maiores (uma pessoa andando a pé sem pressa faz seis quilômetros por hora, ao passo que um carro atual pode facilmente dar 120 km/h, 20/1) impuseram estradas largas, asfaltadas, busca de petróleo para recapeamento e para combustível, postos de combustíveis, oficinas de conserto, construção de fábricas e mais um milhão de outros itens. Estes, por sua vez, implicaram inúmeras invenções novas, que também levaram a outras multiplicações.

                            O forno de microondas significou que nós podemos guardar comidas geladas, esquentá-las em dois ou três minutos – com isso indo menos a restaurantes, que do outro lado procuraram novos modos de atrair a clientela.

                            E assim por diante para os milhões de patentes existentes hoje. Elas continuam a interagir exponencialmente. Há uns 25 anos eu vi a compressão história, que agora eu chamaria de compressão geo-histórica. O capitalismo de terceira onda anda MUITO MAIS depressa que o de segunda, e este mais que o de primeira. O capitalismo de quarta onda, primeira do socialismo, irá a velocidade ainda maior.

                            Para onde quer que olhemos há crescimento exponencial, hiperdesenvolvimento. E o mesmo se dá na formação do universo, na macropirâmide. Bilhões de anos para o aparecimento do primeiro replicador, centenas de milhões para a primeira célula, dezenas de milhões para o surgimento dos primeiros organismos, milhares para a primeira sociedade escravista, centenas para o desenvolvimento políticadministrativo até a terceira onda capitalista.

                            Isso não é ensinado nas escolas, mormente porque não dão uma visão orgânica do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), em particular da pontescada tecnocientífica. Não é mostrado que há uma elevação persistente até o Alto Conhecimento.

                            É ensinado tão somente o ritmo lento, ortodoxo e conservador, não-revolucionário, da evolução. Onde estão as revoluções, os saltos, as heterodoxias? Os jovens são ensinados a ver e obedecer ao medo das elites quanto a mudanças autônomas, não orientadas por sua organicidade. Assim são criadas pessoas muito tímidas, castradas de sua independência, firmemente obedientes, sem imaginação, o que é muito ruim para o mundo (mas, como a soma é zero, não devemos desprezar o lado bom, de sustentação por manutenção do passado).

                            Tal “exponencialidade”, condição do que é exponencializável, que pode ser exponencializado, sendo retirada da face do universo, fica parecendo que não há desastres NATURAIS, que acontecem sem querermos e até contra nossa vontade, e quando eles acontecem efetivamente ficamos com cara de tacho. SE víssemos os desacertos como naturais, esperaríamos que as evoluções passo a passo conduzissem a acumulações que levam a disrupções, a rompimentos, a fraturas, a interrupções do curso comum dos acontecimentos. Há acumulação pela represa e há rompimento dela, com espalhamento potencializado dos efeitos até então contidos.

                            Compreender e ensinar isso é fundamental para a proteção da humanidade.

                            Vitória, quarta-feira, 25 de setembro de 2002.

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