Formação Exponencial
do Universo
Imagine isoladamente
os carros.
Bastou Ford, Daimler
e Benz terem-no tornado coisa prática em linhas de montagem há 120 anos para
eles, enquanto invenções, darem saltos formidáveis. Seria interessante comparar
os carros dos primeiros 10 anos com os dos últimos dez, peça a peça, por
quantidade e qualidade, depois multiplicando os resultados, através de uma
pontuação de 1 a 10, em vários quesitos, depois dividindo por um número
conveniente, até obter uma cifra manipulável, perto de um (com o quê seria
possível obter uma seqüência no tempo, para os 120 anos).
Ora, os carros, com
suas velocidades muito maiores (uma pessoa andando a pé sem pressa faz seis
quilômetros por hora, ao passo que um carro atual pode facilmente dar 120 km/h,
20/1) impuseram estradas largas, asfaltadas, busca de petróleo para
recapeamento e para combustível, postos de combustíveis, oficinas de conserto,
construção de fábricas e mais um milhão de outros itens. Estes, por sua vez,
implicaram inúmeras invenções novas, que também levaram a outras
multiplicações.
O forno de
microondas significou que nós podemos guardar comidas geladas, esquentá-las em
dois ou três minutos – com isso indo menos a restaurantes, que do outro lado
procuraram novos modos de atrair a clientela.
E assim por diante
para os milhões de patentes existentes hoje. Elas continuam a interagir
exponencialmente. Há uns 25 anos eu vi a compressão história, que agora eu
chamaria de compressão geo-histórica. O capitalismo de terceira onda anda MUITO
MAIS depressa que o de segunda, e este mais que o de primeira. O capitalismo de
quarta onda, primeira do socialismo, irá a velocidade ainda maior.
Para onde quer que
olhemos há crescimento exponencial, hiperdesenvolvimento. E o mesmo se dá na formação
do universo, na macropirâmide. Bilhões de anos para o aparecimento do primeiro
replicador, centenas de milhões para a primeira célula, dezenas de milhões para
o surgimento dos primeiros organismos, milhares para a primeira sociedade
escravista, centenas para o desenvolvimento políticadministrativo até a
terceira onda capitalista.
Isso não é ensinado
nas escolas, mormente porque não dão uma visão orgânica do Conhecimento
(Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática),
em particular da pontescada tecnocientífica. Não é mostrado que há uma elevação
persistente até o Alto Conhecimento.
É ensinado tão
somente o ritmo lento, ortodoxo e conservador, não-revolucionário, da evolução.
Onde estão as revoluções, os saltos, as heterodoxias? Os jovens são ensinados a
ver e obedecer ao medo das elites quanto a mudanças autônomas, não orientadas
por sua organicidade. Assim são criadas pessoas muito tímidas, castradas de sua
independência, firmemente obedientes, sem imaginação, o que é muito ruim para o
mundo (mas, como a soma é zero, não devemos desprezar o lado bom, de
sustentação por manutenção do passado).
Tal
“exponencialidade”, condição do que é exponencializável, que pode ser
exponencializado, sendo retirada da face do universo, fica parecendo que não há
desastres NATURAIS, que acontecem sem querermos e até contra nossa vontade, e
quando eles acontecem efetivamente ficamos com cara de tacho. SE víssemos os
desacertos como naturais, esperaríamos que as evoluções passo a passo
conduzissem a acumulações que levam a disrupções, a rompimentos, a fraturas, a
interrupções do curso comum dos acontecimentos. Há acumulação pela represa e há
rompimento dela, com espalhamento potencializado dos efeitos até então
contidos.
Compreender e
ensinar isso é fundamental para a proteção da humanidade.
Vitória,
quarta-feira, 25 de setembro de 2002.
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