sexta-feira, 30 de dezembro de 2016


As Papeleiras e a Exportação de Água

 

No livro de Lúcio Vaz, Sanguessugas do Brasil (Ameaças, desvio de dinheiro público, assassinatos: a história secreta de como políticos e empresários corruptos roubam o povo brasileiro), São Paulo, Geração, 2012, ele chama as empresas que fabricam pasta branqueada de celulose de “papeleiras”, as que fazem papel.

Na realidade, só produzem papel de uso interno com 10 % de todo o processamento. Página 171: “Quis saber ainda dos impostos. Mas esses eram escassas. Isso porque mais de 90 % da celulose seria exportada para China, Japão e Europa”.

1.     A China é grande territorialmente, tem 9,6 milhões de quilômetros quadrados, área maior que a do Brasil, mas têm muita gente e muitos desertos;

2.      O Japão é pequeno, 377.972 km², tem 3,5 mil ilhas escarpadas, só 40 % (151,2 mil km²) do território é ocupável pelos 126 milhões de habitantes, área menor que a do estado de São Paulo, de 248,2 mil km²;

3.      A Europa é muito populosa, eles preservam furiosamente o que é deles, danem-se os outros.

Sobra para o Brasil, “celeiro do mundo” (até eu, preocupado em ajudar a todos, embarquei nessa).

A PRODUÇÃO DE CELULOSE E A ÁREA OCUPADA

[Eles anunciam como se fosse algo maravilhoso, coloquei corpo 16].
Correio Brasiliense.
Brasil terá a maior fábrica de produção de celulose do mundo, em 2017
Os investimentos previstos são de R$ 7,7 bilhões, dos quais 40% deverão vir da geração de caixa da empresa
30/10/2015
Três Lagoas (MS) - A Fibria, maior produtora global de celulose, lançou hoje oficialmente a construção de sua segunda fábrica no município às margens do rio Paraná. A unidade vai ficar pronta até o fim de 2017 e será a maior linha de produção de celulose do mundo, com capacidade de 1,75 milhão de toneladas por ano. A unidade em funcionamento atualmente produz 1,3 milhão de toneladas. Vai no total, portanto, para 3,05 milhões anuais.
Os investimentos previstos são de R$ 7,7 bilhões, dos quais 40% deverão vir da geração de caixa da empresa. Do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá vir R$ 1,4 bilhão.
O governo sul-mato-grossense vai abater até 90% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) quando a produção começar.
Valor Econômico
Diante disso, no acumulado de 2014, as papeleiras brasileiras produziram 10,405 milhões de toneladas de diferentes tipos de papel, 0,4% abaixo do verificado em 2013. As vendas domésticas avançaram apenas 0,1%, para 5,717 milhões de toneladas, e as exportações caíram 1,1%, para 1,846 milhão de toneladas.
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http://revistatae.com.br/revistas/n17/26.jpg
Revista TAE, Brasil 14,0 milhões de toneladas/ano.

Já temos duas coisas:

1)      Eles exportam 90 % da celulose, embora contraste com outras expressões (deveriam fazer livro contando detalhes);

2)     O governo do MS, Mato Grosso do Sul, vai dar 90 % de algo que não é dos governantes, é do povo.

Tudo isso é extremamente negativo, porém quando introduzimos a pegada hídrica e a água exportada, fica pior.

A ÁGUA OCULTA

Dos alimentos.
Resultado de imagem para pegada hídrica da produção de eucaliptos
Do eucalipto, entre outros.
Resultado de imagem para pegada hídrica da produção de eucaliptos

Repare no quadro de baixo, mais em baixo, o eucalipto precisa de 350 litros de água para cada quilograma de madeira, OU SEJA, para produzir os 10,3 milhões de toneladas do Valor Econômico ou os 14,0 milhões da Revista TAE precisaríamos (devemos calcular a porção exportada):

a)     VE: 10,3 bilhões de kg de madeira: 3,6 trilhões de litros ou 3,6 bilhões de toneladas de água;

b)    TAE: 14,0 bilhões de kg de madeira: 4,9 trilhões de litros ou 4,9 bilhões de toneladas de água.

Grande parte disso está indo (barato) para aqueles países, que só vem nos trazer problemas: desertos, expulsão das famílias, destruição de biomas, expulsão da vida, maus-tratos gerais, destruição dos rios, rebaixamento do lençol freático (as raízes vão fundo), supressão dos lagos, efluentes perniciosos jogados em rios e no mar, desaparecimento das minas de água, sumiço de rios, cheiro ruim, monocultura da árvore, etc.

O Brasil bonzinho fica com os problemas, eles ficam com as soluções – não parece muito justo, não é?

Vitória, sexta-feira, 30 de dezembro de 2016.

GAVA.

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