terça-feira, 27 de dezembro de 2016


A Produtividade Alemã

 

                            Segundo o Almanaque Abril 2002, p. 139 e ss., a Alemanha tem área de 356.733 km2 e tinha população em 2001 de 82 milhões. O PIB em 1999 foi medido como sendo de US$ 2,1 trilhões. Áreas da mesma faixa terão no Brasil Goiás, 340.118 km2, Mato Grosso do Sul, 357.140 km2, São Paulo, 248.176 km2, Tocantins, 248.298 km2. Tomando São Paulo, que tinha em 2000 população de 40 milhões (estimativa para 2001 de 41 milhões, crescimento de 2 %), renda estimada de US$ 195, digamos US$ 200 bilhões, e igualando sua área à da Alemanha, a renda do melhor dos nossos estados iria a 280 bilhões. Se usarmos a população, a 400 bilhões, o que quer dizer que pela mesma área eles produzem 7,5 “tanto quanto” São Paulo e pela população 5,3 vezes. Eles produzem mesmo.

                            Podemos dizer que São Paulo tem apenas 500 anos, ao passo que a Alemanha tem milhares, desde antes dos romanos. Mas poderíamos dizer igualmente que os brasileiros de São Paulo herdaram a coisa toda pronta, enquanto os germânicos a fizeram do quase nada, no fim das contas algo deles e parte da herança romana. No Brasil, é claro, tivemos de plantar as construções desde a base, do zero, pois nada havia do que agora está construído, ao passo que nos últimos 500 anos os germânicos construíram sobre uma base larga, prévia. E eles estavam bem perto das outras fontes civilizatórias (ingleses, italianos, franceses, belgas, espanhóis, portugueses, etc, o resto da Europa).

                            Agora, veja que a Alemanha foi destruída duas vezes no século passado, o XX, na Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, e na Segunda Guerra mundial, de 1939 a 1945. Nesta só faltaram as bombas atômicas, que eles não receberam porque se renderam antes.

                            De 1945 a 1991 ficaram divididos em Alemanha Ocidental, que fertilizou o Ocidente, e Alemanha Oriental, que fertilizou a URSS e satélites. Desde 1991 estão em processo de reconstrução da união, tendo gastado muitas dezenas de bilhões de dólares.

                            Enfim, eles produzem, e produzem cada vez mais com cada vez menos, aumentando a produtividade constantemente. Quando a gente pensa na Alemanha, vem-nos uma imagem de seriedade, de constância, de trabalho persistente, de competência, de confiabilidade, de razão profunda, de luta. Eles não conseguiram ser assim à custa de nada, de ficarem vagabundeando pelos campos. Batalharam ano após ano, sem esmorecer, sem descuidar, sem amortecimento do ímpeto.

                            A Mercedes Benz e a BMW fazem carros que duram 50, 60 anos. O Michael Schumacher é agora pentacampeão na Fórmula 1, e pode ultrapassar o Fangio (que venceu numa época de menos competidores, etc.), argentino, logo mais.

                            Em resumo, eles trabalham mesmo, sem parar. De modo que agora cada metro quadrado daqueles quase 366 bilhões que eles têm por lá está numa das melhores condições que a humanidade pode oferecer, tudo asseadíssimo, limpíssimo. Evidente que existem ladrões e coisas erradas, ninguém pode negar.

                            Entretanto, eles são, os alemães, uma justificativa para a confiança na humanidade não esmorecer de todo.

                            Vitória, quinta-feira, 5 de setembro de 2002.

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