sábado, 31 de dezembro de 2016


Tirania Computacional

 

                            De repente eu soube de uma notícia maravilhosa, sobre um avanço tecnológico que acabará com a tirania computacional dos EUA, Europa e Japão sobre os supercomputadores. Em Campinas, São Paulo, creio, reuniram 20 microcomputadores, desses que temos em casa, juntaram um roteador qualquer e fizeram um supercomputador caseiro, terceiro-mundista, o que soa como o dobre de finados do domínio americano, em todos os sentidos, em particular no campo da informática.

                            É que, pense só, em vez de pagar US$ dois milhões, agora 6,6 milhões de reais, esse conjunto ficará por 200 mil reais, 1/33 daquele valor. As implicações são formidáveis. Ninguém mais dependerá de o Congresso americano se reunir para votar a venda/compra de um SC. Se cada micro custa agora mil dólares, 20 deles ficam por US$ 20 mil, 66 mil reais, um terço daqueles 200 mil, o resto sendo processos de conexão.

                            Não se trata mais de a Nicarágua dispor de 33 vezes tanto quanto, nem de depender de julgamento americano, europeu ou japonês para liberar as máquinas. DE REPENTE, assim do nada, surge essa notícia extraordinária, a que quase ninguém deu bola. A Nicarágua pode ter, pelo mesmo preço, 33 supercomputadores para suas universidades, seus institutos, seus órgãos de governo, suas empresas. Um salto revolucionário, o mais importante de que tenho notícia, algo que promete mesmo mudar a geo-história do terceiro mundo e do planeta inteiro.

                            Porque, veja, os computadores estão dando saltos contínuos. O primeiro que compramos, há apenas seis anos, era um de 400 megas de memória, 66 MHz, ao passo que agora, pela metade do preço, podemos obter um de 40.000 megas (40 gigas), 2.000 MHz, ou seja, 100 x 30 = três mil vezes tanto quanto. Em outros seis anos, se multiplicar por três mil novamente, em doze anos terão dado um salto de nove milhões. Enquanto a arquitetura dos supercomputadores do primeiro mundo é fechada, a da reunião daqui é aberta, pode ser continuamente melhorada, apenas reunindo as peças. O conserto dos de lá depende de enviar a máquina inteira à matriz ou da vinda de tecnocientistas de hora caríssima até aqui, ao passo que a assistência daqui está a poucos passos, basta saber consertar os micros, e para isso há técnicos em cada esquina.

                            Poucos podem pagar 6,6 milhões, ao passo que MUITAS firmas do ES podem gastar 200 mil para ter uma inigualável capacidade de computação.

                            Então, expanda sua mente para cada ramo do conhecimento humano, desde computação gráfica, CAD/CAM, Autocad, tudo, e pense nas possibilidades que essa oportuníssima invenção abriu para todos os que estão atualmente sob as botas dos tiranos informacionais.

                            Eis aí uma significativa encruzilhada geo-história que reposiciona todos os atores do jogo tático-estratégico mundial. Bem debaixo do nosso nariz está acontecendo uma alteração GH das mais importantes, fundamental mesmo.

                            Vitória, quinta-feira, 19 de setembro de 2002.

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