terça-feira, 27 de dezembro de 2016


Diário do ES

 

                            Como podemos criar um jornal que seja amplamente vitorioso, em todos os sentidos? Não é fácil, porque, você sabe, poucos são os que lêem, talvez 5 %, no ES 0,05 x 3,1 milhões = 155 mil, se tanto, correspondendo aos ricos (isso NÃO COINCIDE com os ricos do TER – há outros ricos, por exemplo, os ricos em informação). Na realidade, creio que A Tribuna, A Notícia e A Gazeta devem ter, juntos, uns 40 mil leitores a cada dia.

                            Por quê os jornais falham?

                            Devo dizer que é por falta de amor.

                            Pode parecer uma declaração maluca, e certamente é inusitada, mas é verdadeira.

                            Como diz Gil, pela lente do amor a gente pode ver mais longe, mais fundo e mais largamente, ou seja, abarcar num volume maior uma quantidade muito maior de pessoas. O amor leva ao interesse, este a pesquisa & desenvolvimento teórico & prático, à criação de novos objetos e processos. O interesse leva a buscar para as pessoas O SEU desenvolvimento, e não unicamente a venda de exemplares, ou a caça de propagandas ou de classificados.

                            É preciso prestar serviços ao povo, às massas, como fez a Folha de São Paulo, crescendo desmesuradamente, o primeiro jornal brasileiro a tomar porte de alguns estrangeiros mais modestos. Só de uma Folha do Espírito Santo seguir seus passos já iria longe.

                            Depois, é preciso seguir o enquadramento do modelo, que é extenso, já coloquei em outro lugar e não repetirei aqui.

                            Terceiro, é preciso PENSAR GRANDE, o que é tremendamente difícil, pois não se trata de meramente multiplicar por dez, cem ou mil. É fundamental pensar no povo e nas elites, no povelite/nação ES como grande, e daí tratar sempre favoravelmente os assuntos, o que não quer dizer, de modo algum, otimismo, superafirmação do ótimo, nem muito menos pessimismo, hiperafirmação do péssimo. O que seria um GRANDE ESPÍRITO SANTO?

                            É preciso ter percepção-de-mundo grandiosa para ver grande, para agigantar todas as coisas, para ver um futuro amplo onde ainda nada existe. Daí para frente é fácil, todos querem se juntar ao vencedor. A simples presença do vencedor vende. Vende tudo, de classificados a propagandas e exemplares, para não dizer outras coisas.

                            Quem pode gerar muitas notícias de uma coisa pequena?

                            Ora, se o ES é territorialmente pequeno, se os recursos são poucos, a única riqueza que há é a população, e é nessa população que é preciso confiar. É ela que devemos engrandecer. Como o futuro não está lá, basta falar dele, não será mentira – pois não estamos falando de nada que existisse, para que a falsificação se desse. Podemos falar do futuro como nossas esperanças.

                            ENTÃO, pessoas que não têm visão terão aquela, se apegarão a ela, aos sonhos de liberdade e felicidade, e trabalharão por eles, acabando por construí-los. É claro que o anunciante precisa ser verdadeira, porque de outro modo cheirará a mentiras e o povo se desinteressará, ficando mais descrente ainda.

                            Daí que, para dar certo, um vitorioso Diário do ES deve falar do futuro do modo mais auspicioso possível. E, como eu disse, amar o povelite/nação, se interessar por ele. O resto é sucesso apaixonante.

                            Vitória, quinta-feira, 05 de setembro de 2002.

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