sexta-feira, 30 de dezembro de 2016


Liberalismo Cosmopolita

 

                            Lendo seu livro de história do terceiro ano do segundo grau Gabriel, meu filho de 16 anos, deparou com o liberalismo cosmopolita. Ele logo percebeu a questão, e perguntou se não seria a mundialização em curso. Era mesmo. Que seria isso senão a fórmula mais antiga para a atual globalização?

                            Cosmopolita = CENTRAL = GOVERNADOR = COMUNIDADE, e várias outras traduções, a Rede Cognata. Alguém está sempre propondo essa planetarização, porque, em primeiro lugar, ela já existe, desde o princípio, na evolução/revolução/reevolução da mesopirâmide.

                            As pessoas globalizavam: globalização pela primeira pessoa, pela primeira família, pelo primeiro grupo, pela primeira empresa humana. Globalização de maior porte com os ambientes: planetarização proposta pelo primeiro município/cidade, pelo primeiro estado, pela primeira nação. A diferença é que agora ela está sendo posta pelo próprio mundo, em bloco.

                            Quando os primeiros sapiens sapiens emergiram, 50 mil anos atrás, ou ainda antes com a Eva Mitocondrial e o Adão Y, 200 mil anos passados, na África, eles planetarizaram, globalizaram, mundializaram. Avançaram sobre o mundo, literalmente, sem peias, sem controles, sem limites, divisas, fronteiras. Desde então, com cada crescimento humano, foi sempre essa mesma expansão que se deu. A distinção é que agora essa idéia se manifesta simultaneamente de muitas partes do mundo. Não é um nem outro só que está falando, é muita gente, menos uma minoria, que não deseja, que quer regressão (seja ela composta de gente da esquerda ou da direita).

                            Como a soma é zero, sabemos de antemão que a globalização gerará problemas, mas novos e em número menor que os atuais. Já que a humanidade cresce em número e complexidade, não é possível manter o atual estado de coisas sem colocar-nos a todos em perigo, pois é fundamental termos um corpomente mundial maior para conter as nações em sua ferocidade e destrutividade. Neste instante, se houvesse um governo mundial efetivo, acima desse poder mixuruca da ONU, ele desarmaria o Iraque e impediria os EUA de atacarem.

                            Como liberalismo é superafirmação da liberdade, isso queria dizer que a igualdade iria sofrer, isto é, a liberdade seria obtida com grande perda do cosmopolitismo. Era um processo unilateral, favorecendo apenas a agressividade de quem podia vender, sem defesa alguma para quem era obrigado a comprar.

                            É preciso ter cuidado quanto a isso, nestes tempos novos.

                            As questões que devemos fazer são estas: 1) quem constituirá o senado dessa república mundial? 2) quem serão os deputados representantes? 3) quais as bases para escolha de uns e outros? 4) a presidência será rotativa em que termos? 5) que investimentos serão feitos nas áreas mais atrasadas? 6) como serão preservados os valores, as culturas, os conhecimentos mais antigos? 7) como se dará o ensinamento daquela escola mundial que solicitei? E assim por diante.

                            Pois, se naquele tempo do liberalismo cosmopolita a coisa era só retórica, só discurso, agora é para valer, é o anteâmbulo, o preâmbulo, o prefácio desse novo texto da Lei. Como sabemos, todo cuidado é pouco, para não nos vermos depois na condição de enganados partícipes da traição das letras pequenas.
                            Vitória, quinta-feira, 19 de setembro de 2002.

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