quinta-feira, 29 de dezembro de 2016


Quando as Galinhas Tinham Dentes

 

                            Desde há alguns anos atrás me convenci de que os dinossauros tinham penas. Como, sendo tão grandes, haveriam de ficar quentes, dissipando tanto calor por suas peles de áreas imensas? Está certo que os corpos geram calor com o cubo ou o volume, e o dissipam com o quadrado ou as áreas, como dizia Asimov, mas mesmo assim.

                            O povo tem essa forma curiosa de se referir, “quando as galinhas tinham dentes”, para falar de um passado remotíssimo, pois as galinhas nunca tiveram dentes, enquanto essas criaturas que conhecemos se têm são residuais, vestigiais, não identificáveis. Nunca tive a curiosidade de procurar.

                            Contudo, olhando os dinossauros e as aves mentalmente de perfil, eles são muito semelhantes. Como diz a versão popular das palavras de Lavoisier, “nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. E se os dinossauros não sumiram, efetivamente apenas mudaram de forma? E se eles se transformaram nas aves? E se ficaram pequenos? Os pescoços compridos das galinhas, das emas, dos emus, dos casuares, das avestruzes, não se assemelham aos “pescoçudos”, os diplodocos? E aquelas mãozinhas dos dinossauros rex, não são talvez asas?

                            Os dinossauros punham ovos e os chocavam como galinhas e aves em geral, corriam como elas. Não descobrirmos esqueletos com penas não nos diz que não as tivessem (assim como não afirmam que as possuíssem, pois se alienígenas vissem esqueletos humanos sem penas associadas não poderiam concluir que as tenhamos).

                            Mais e mais comecei a ver os grandes dinossauros com penas enormes, todos cobertos delas dos pescoços aos pés – só que com rabos, diferentemente das aves de hoje. É questão de pesquisar mais, pois há apenas cerca de 100 esqueletos incompletos de dinossauros. O ornipterix foi um dinossauro de transição para aves. Talvez ele seja a ponte entre os dinossauros, todos com penas mas sem voar, e as aves. Mais e mais me convenço (talvez inutilmente) que em vez daquelas peles coloridas com que os estão pintando agora, eles tinham penas.

                            Vitória, quarta-feira, 11 de setembro de 2002.

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